Quem foi Eunice Weaver

Eunice Sousa Gabbi Weaver

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Eunice Weaver, nascida Eunice de Sousa Gabbi, nasceu no dia 19 de setembro de 1904, numa fazenda de café em São Manoel (SP). Em 1927, já residindo em São Paulo, casou-se com o norte-americano Charles Anderson Weaver que, logo após o casamento, foi convidado para dirigir um projeto na Universidade de Nova York, pelo qual alunos visitariam 42 países, com o objetivo de incrementar a formação acadêmica. Eunice acompanhou o grupo nessas viagens e teve a possibilidade de entrevistar Mahatma Ghandi e visitar muitos leprosários na África e na Ásia. Ao retornar aos EUA cursou Serviço Social na Universidade da Carolina do Norte. No início da década de 1930, Charles Weaver assumiu o cargo de diretor do Colégio Granbery, de cunho metodista e localizado na cidade mineira de Juiz de Fora; na mesma instituição Eunice Weaver lecionou história e geografia até 1934. Tão logo mudou-se para Juiz de Fora, ela também passou a  dedicar-se à assistência social aos leprosos, tendo fundado e presidido a Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra daquela cidade.A Sociedade fornecia mantimentos aos internos do leprosário Santa Isabel, de Belo Horizonte, e promovia campanhas para arrecadar donativos

Seu engajamento no combate à lepra teria sido influenciado por um fato trágico de que foi testemunha: durante sua mocidade, em Piracicaba, “uma jovem leprosa simulou suicídio para esconder-se da sociedade e livrar sua família do estigma dessa doença”.

Em 1935, Eunice Weaver assumiu a presidência da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra, sua gestão foi marcada pelo apoio estatal e usou seu capital simbólico nas negociações necessárias para viabilizar o projeto da entidade.

Durante a sua presidência, as atividades filantrópico-assistencialistas desenvolvidas pela Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra foram parte constituinte da política governamental de combate à enfermidade. O trabalho da Federação foi encarado como componente fundamental do Plano de Combate à Lepra implementado por Capanema durante a Era Vargas, e em muitos momentos teve abrangência maior que a do poder federal, pois, a iniciativa privada conseguia realizar obras muito mais rapidamente do que o Estado”.

Na gestão de Eunice Weaver a Federação passou a dar assistência direta apenas aos filhos sãos dos internos nas colônias, cabendo aos preventórios acomodar crianças e adolescentes até os 20 anos. Em 1935, existiam dois preventórios com cerca de 200 internas; 14 anos depois, aumentou para 26 o número de instituições, com mais de 3500 crianças internadas.

Reconhecimentos

Foi a primeira mulher a receber a Ordem Nacional do Mérito, no grau de Comendador, em novembro de 1950, e a primeira pessoa, na América do Sul, a receber o troféu Damien-Dutton. Publicou “Vida de Florence Nightingale”, “A Enfermeira” e “A História Maravilhosa da Vida”. Representou o Brasil em inúmeros congressos internacionais sobre a hanseníase, tendo organizado serviços assistenciais no Paraguai, Cuba, México, Guiatemala, Costa Rica e Venezuela.

Foi homenageada com o título de “Cidadã Carioca” e com o título de “Cidadã Honorária de Juiz de Fora” . Foi delegada brasileira no 12º Congresso Mundial da Organização das Nações Unidas, em outubro de 1967.

Em diversos Estados do Brasil, instituições de assistência aos hansenianos levam o nome de “Sociedade Eunice Weaver”.

Trecho extraído de SANTOS, V. Entidades Filantrópicas e Políticas Públicas no Combate à Lepra: Ministério Gustavo Capanema, 1934-1945 e SCHUMAHER, S. Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2000