Uma caminhada por trilhas onde se pode observar a natureza e aprender mais sobre o funcionamento de ecossistemas, especialmente daqueles originais da região de Curitiba. Vivências que envolvem o preparo de mudas, o plantio e o cultivo de alimentos e plantas medicinais. Essas são as atividades que estudantes do ensino fundamental estão tendo a oportunidade de participar e que fazem parte do projeto “Nosso meio ambiente: conhecer para conservar”, uma iniciativa da Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR).
O projeto, que conta com o apoio do Hospital Pequeno Príncipe, visa aproximar crianças e adolescentes da comunidade escolar urbana ao meio ambiente. O principal objetivo é promover o desenvolvimento da consciência de cada menino e menina a respeito da relação de interdependência da espécie humana com o meio ambiente, bem como das fragilidades do equilíbrio dessa relação.
Segundo o biólogo da AEW-PR e coordenador do projeto, André Magnani Xavier Lima, a iniciativa começou a ser planejada e estruturada no primeiro semestre de 2017, e, em outubro, foi iniciada a fase experimental do “Nosso meio ambiente”. Ao todo, oito turmas com alunos de sexta e sétima séries da Escola Estadual Nossa Senhora da Salete participaram das atividades, em um total de 230 estudantes beneficiados.
“Nossa avaliação até o momento é muito satisfatória. Pois além da boa aceitação e participação por parte dos alunos e professores, percebemos que estamos aptos a atingir os principais objetivos do projeto. Dentre eles, apresentar elementos característicos e nativos da nossa natureza e, ao mesmo tempo, proporcionar experiências que reforcem a sua percepção quanto à interdependência dos humanos com os demais seres vivos e elementos naturais que nos rodeiam”, afirma Lima.
O biólogo adianta que os planos para o próximo ano são de ampliar o alcance da iniciativa. “Nossa meta é captar recursos que permitam a expansão plena de nossas atividades para um maior número de escolas da região Norte de Curitiba. Temos um potencial para atender em 2018 até 1,7 mil estudantes”, acrescenta ele.
Aprendendo na prática
Durante as ações do projeto, os alunos participam de uma palestra introdutória que apresenta conceitos de organização e equilíbrio ambiental, os benefícios gerados pela natureza e as principais ameaças ao equilíbrio e suas consequências. Em seguida, saem para uma caminhada por uma trilha dentro do terreno da Associação Eunice Weaver do Paraná, onde podem observar remanescentes dos ecossistemas de campos e de floresta com araucárias, originais da região de Curitiba. Nesta caminhada ainda são aprofundados os conceitos de sucessão ecológica e restauração florestal, espécies exóticas e invasoras, decomposição natural, mata ciliar e erosão. Todos temas muito importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental, mas, apesar disso, ainda são pouco conhecidos.
Após a trilha, os estudantes também colocam a mão na terra em vivências na estufa e na horta, com o preparo de mudas, plantio e colheita de alimentos e plantas medicinais. “Esse é um dos momentos que os alunos mais gostam. Vemos que eles estão tendo bom proveito do conteúdo, que também estão vendo nas aulas na escola”, diz a bióloga Ana Carolina Franken, que conduz as atividades na Associação.
“Eu passo na frente da AEW-PR todos os dias, mas não tinha ideia de como era aqui dentro. Tinha curiosidade de saber como é e está sendo bem legal, pois está dando para aprender várias coisas”, conta a aluna Mylena Dzoback, de 12 anos. “A professora explica bem e estou gostando de participar de algo diferente, que quase nunca fazemos, como trilha e mexer na horta”, completa Henrique Martins Pontes, também de 12 anos.
Avaliação positiva
A professora de Ciências da Escola Estadual Nossa Senhora da Salete, a bióloga Camila Valente Maiolino, também faz uma avaliação positiva do projeto. “A iniciativa traz uma experiência importante para os nossos alunos, que muitas vezes nunca mexeram com a terra ou fizeram uma trilha ao ar livre. Esse contato com a natureza torna o aprendizado mais eficaz e interessante, pois a vivência impacta e cativa muito mais do que a teoria isolada”, opina.
Para ela, sair da sala de aula para aprender em um formato diferente e em um ambiente novo faz toda a diferença. “Infelizmente, isso nem sempre pode ser feito na escola, devido à estrutura, espaço disponível e compatibilidade de horários entre professores”, observa. “Gostaria de ver a expansão do projeto, com mais vivências para os estudantes e atendendo outras escolas também. Pois é uma excelente maneira de conscientizá-los sobre a importância da conservação ambiental”, conclui.