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Pesquisa brasileira revela novas moléculas da hanseníase e permite evolução nos estudos sobre a doença

A equipe da pesquisa examina uma criança de 9 anos em uma comunidade do Pará.

Um importante estudo, divulgado em 2018, trouxe valiosas informações sobre a hanseníase. A pesquisa, liderada pelo imunologista Claudio Guedes Salgado, do Laboratório de Dermato-Imunologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia, descreveu o primeiro miRNoma da hanseníase, possibilitando identificar os microRNAs presentes nos pacientes que participaram do projeto.

O trabalho foi publicado na revista “Frontiers in Immunology”. A pesquisa foi realizada em parceria com o grupo de Genética Humana e Médica da UFPA, coordenado pela pesquisadora Ândrea Kely Ribeiro dos Santos, com a participação de profissionais da USP Ribeirão Preto, da Universidade Federal de Uberlândia e da Colorado State University (EUA).

Com essa pesquisa, novas moléculas que até então não tinham sido detectadas foram descobertas e poderão ser estudadas. “A Aquaporina 1 foi um dos alvos dos microRNAs que detectamos. Entre outras funções, ela é uma das responsáveis pela hidratação e pela elasticidade da pele”. A SIGMAR1 é outra molécula que também foi detectada durante a pesquisa. “Essas duas moléculas podem estar envolvidas no mecanismo de dor neuropática dos pacientes”, completa Salgado.

Além destas, também foram encontradas outras moléculas participantes de vias de desmielinização e inflamação, como a ROCK1, que também já foi associada como participante em mecanismos de dor neuropática. A pesquisa revelou novos aspectos da imunofisiopatologia da hanseníase, especialmente no que se trata da regulação do sistema imunológico, apoptose, desmielinização, transição epitélio-mesenquimal (EMT) e dor neuropática. “Na segunda etapa, vamos começar a validar esses marcadores da hanseníase”, afirma Claudio Salgado.

Entenda o assunto
No estudo, liderado pelo pesquisador Claudio Guedes Salgado, foi examinado o miRNoma de pacientes tuberculóides e lepromatosos, usando biópsias de lesões e amostras de sangue de pacientes com hanseníase que visitaram a Unidade de Referência em Dermatologia Sanitária do Estado do Pará Dr. Marcello Candia e comparados com indivíduos saudáveis. Além disso, também foram realizados os testes em diversos municípios do Pará, com visitas domiciliares para exame de portadores da doença e de alunos da rede pública de ensino, público em que se verificou entre 3% a 4% dos estudantes com a doença não diagnosticada.

Veja mais detalhes sobre a pesquisa:

Fonte: Sociedade Brasileira de Imunologia