Embora a hanseníase esteja presente em 24 dos 35 países das Américas, todos eliminaram a doença como problema de saúde pública (o que representa menos de um caso por cada 10 mil habitantes) – exceto o Brasil. Por isso, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) tem se empenhado em colaborar com as ações dos governos e instituições brasileiras no sentido de livrar o país dessa enfermidade.
Para avançar nesse objetivo, diversos especialistas se reuniram, na última semana, na sede de Representação da OPAS/OMS no Brasil, em Brasília. Eles procuraram padronizar normas e técnicas de diagnóstico, tratamento e vigilância do projeto “Abordagens inovadoras para intensificar esforços para um Brasil livre da hanseníase”, desenvolvido pelo Ministério da Saúde em parceria com a OPAS/OMS e com apoio da Fundação Nippon, do Japão.
A iniciativa, que terá a duração de três anos (2017 a 2019), busca reduzir a carga da doença em 20 municípios dos Estados do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí e Tocantins. Essas localidades foram escolhidas por apresentarem o maior número de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos.
O modelo adotado no projeto foi inspirado em uma experiência bem-sucedida desenvolvida na capital do Tocantins, chamada “Palmas livre de hanseníase”, que também conta com a colaboração da OPAS/OMS. A iniciativa, que começou em maio de 2016, tem treinado profissionais da atenção básica do município para torná-los aptos a diagnosticar e tratar pacientes com a doença. Entre eles, os profissionais do programa Mais Médicos.
Como resultado, houve um aumento de 80% em um ano na taxa de casos de hanseníase detectados em Palmas, que passou de 56,1 por 100 mil habitantes em 2015 para 231 por 100 mil habitantes em 2016. No mesmo período, também houve redução de 2,3% na quantidade de deficiências visíveis causadas pela enfermidade. A experiência exitosa de Palmas rendeu elogios do líder do Programa Global de Hanseníase da OMS, Erwin Cooreman.
Sobre a hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica infecciosa que afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, a mucosa do trato respiratório superior e os olhos. Essa enfermidade tem cura e o tratamento prestado em seu estágio inicial evita deficiências.
O controle da hanseníase tem melhorado significativamente devido às campanhas nacionais e subnacionais na maioria dos países endêmicos. A integração dos serviços básicos da doença aos serviços de saúde gerais tem feito o diagnóstico e o tratamento da enfermidade mais acessível.
De acordo com dados oficiais de 121 países de cinco regiões da OMS, o número de casos novos de hanseníase registrados em 2014 foi de 213.899. Em 2013, foram 215.656 e, em 2012, 232.857. Nas Américas, o número de registros da doença diminuiu 35,8% em uma década – passou de 52.662 em 2004 para 33.789 em 2014, de acordo com informações da OPAS/OMS. No entanto, nos últimos cinco anos, foram detectados casos novos da enfermidade em 24 países nas Américas, dos quais 94% foram localizados em território brasileiro.
A OPAS/OMS avalia que o Brasil está trabalhando arduamente para conseguir eliminar a hanseníase e reduzir a carga da doença, com um programa sólido.
Fonte: Blog da Saúde