Embora os números oficiais demonstrem redução da prevalência da hanseníase no país, o Brasil ainda ocupa o segundo lugar no ranking mundial da doença, já extinta em muitos locais do mundo. Além disso, alguns fatores colocam o território nacional em alerta em relação à enfermidade. “O contínuo e elevado número de casos detectados, a heterogeneidade desses índices dentre as regiões brasileiras, o número de meninos e meninas com menos de 15 anos com a moléstia e os elevados percentuais de grau 2 de incapacidade funcional nos locais de baixa prevalência são indicadores que nos colocam em alerta quanto à realidade endêmica”, salienta Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH).
O tema será debatido por especialistas durante o 9º Simpósio Brasileiro de Hansenologia, que será realizado de 28 a 30 de novembro, em São Luís, no Maranhão. O evento terá cursos e palestras diversas. Um dos destaques da programação será o curso sobre feridas, por exemplo. As feridas são consideradas problema de saúde pública no Brasil. Diabetes e hanseníase são as maiores causadoras delas, e a falta de diagnóstico correto leva a tratamentos inadequados e pacientes que passam anos com feridas se agravando.
Especialistas de todo o Brasil estão entre os palestrantes do simpósio. Os temas abrangerão tanto a área de ensino quanto a história da hanseníase – a doença é uma das mais antigas enfermidades conhecidas pelo homem, o que leva inúmeros pesquisadores a estudarem as questões sociais da doença. “O tema é importante porque mostra o quanto o paciente já foi estigmatizado. Atualmente, muitos pacientes e ex-doentes que já se curaram lançam-se em movimentos voluntários de conscientização a respeito da doença, o que tem auxiliado pacientes, seus familiares e a sociedade”, explica Frade.
O evento vai debater criticamente, ainda, as ações para diagnóstico precoce da hanseníase realizadas no passado e na atualidade. Além disso, serão abordadas as perspectivas de mudanças na busca de capacitar e atualizar simultaneamente profissionais da atenção básica e dos serviços de referência no reconhecimento rápido e do maior número dos casos precoces da doença.
Apoio
A Universidade Federal do Maranhão; a Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão; a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo; a Secretaria Municipal da Saúde de São Luiz; a Sociedade Brasileira de Oftalmologia; e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (regional Maranhão) apoiam o evento.