Notícias >

Mapeamento de casos de hanseníase em Curitiba ajuda a compreender os desafios enfrentados no combate à doença

Como trabalho de conclusão de curso, a aluna de enfermagem da Faculdades Pequeno Príncipe, Luciane Andreatta Santos, realizou a pesquisa “Inquérito Epidemiológico das Notificações de Hanseníase no Município de Curitiba de 2007 a 2012”. No trabalho, a aluna registrou casos confirmados de hanseníase em Curitiba entre os anos 2007 e 2012. Essa foi a primeira vez que um mapeamento da doença foi realizado no município. Em sua pesquisa, a aluna separou os casos por ano, sexo, idade e tempo de tratamento dos pacientes.

Luciane defende que a principal importância em realizar um estudo como este é a possibilidade de compreender se houve aumento ou diminuição de determinadas doenças, se uma área geográfica tem maior ou menor incidência e identificar as principais características das pessoas com a moléstia. Assim, de acordo com a acadêmica, é possível analisar os fatores que levam para a incidência e prevalência da enfermidade e o que ainda pode ser feito para diminuir o número de casos dela.

Os resultados obtidos na pesquisa mostraram que apesar de grande parte dos cidadãos acreditarem que a hanseníase é uma doença já extinta, muitas pessoas ainda são afetadas por ela. No período analisado, Luciane registrou 598 casos, com uma média de 99,6 notificações por ano. Desses casos, ela constatou que a maioria dos pacientes afetados eram homens e com mais de 30 anos.

Segundo a estudante, esse resultado pode ser atribuído ao fato de que homens têm maior contato social, menos cuidado com o corpo e com a autoimagem em comparação às mulheres. Além disso, a pesquisadora ressaltou a ausência de programas de saúde pública voltados ao público masculino. Se existissem mais programas assim, seria possível diagnosticar doenças como a hanseníase mais precocemente e prevenir a sua transmissão.

Dos casos registrados por Luciane, 80% dos pacientes buscaram e completaram o tratamento. A falta dele e do diagnóstico do restante dos afetados pela enfermidade contribui para a sua transmissão, sendo que a hanseníase não é uma doença cíclica ou sazonal e prevalece com o convívio com o doente. Por isso fatores como a existência de conglomerados populacionais e condições sanitárias e econômicas contribuem para a persistência da doença. Os dados mostram que houve uma diminuição nos casos de hanseníase nos últimos três anos, porém as notificações que foram registradas mostraram que os pacientes se encontravam na fase grave da doença, em que a mesma pode ser facilmente transmitida.

A Associação Eunice Weaver do Paraná acredita que pesquisas como essa são de extrema importância para a compreensão da hanseníase e das medidas que podem ser tomadas para conter a sua transmissão. Ao levar o conhecimento científico sobre a enfermidade do meio acadêmico para o público em campanhas de saúde, aumenta-se a chance de que diagnósticos sejam feitos precocemente e que casos sejam tratados em tempo hábil.

Importância do estudo
Tais resultados encontrados pela acadêmica são cruciais para o estudo da hanseníase em Curitiba. Segundo Luciane, a doença deve estar em constante monitoramento. A aluna foi convidada para apresentar sua pesquisa e seus resultados no 13º Congresso Brasileiro de Hansenologia, que será realizado em novembro. A coordenadora estadual do Programa de Controle de Hanseníase, Nivera Stremel, elogiou o trabalho de Luciane. “Fico feliz quando a academia se volta para a saúde pública, pesquisa, busca respostas, mostra dados de atendimento e deixa um alerta. Vi tudo isso no trabalho da Luciane, e por isso decidi convidá-la a apresentar essa pesquisa no Congresso Brasileiro de Hansenologia. Os dados que ela coletou precisam ser mostrados a outros estudiosos da área”, comenta.