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Livro relata luta de paranaense contra a hanseníase na Alemanha

Todos os anos milhares de pessoas travam uma luta pessoal contra a hanseníase, doença milenar que ainda hoje é muito estigmatizada, mas que tem tratamento e cura. A paranaense Evelyne Leandro passou pela batalha em Berlim, onde mora, e relata sua trajetória de descoberta, tratamento e cura da enfermidade no livro “Hanseníase: a luta contra uma doença há muito esquecida – Um diário da Berlim Contemporânea”. A edição em português da obra, editada pela Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR), será lançada nesta quarta-feira, dia 5, às 19h, no Centro de Estudos Bandeirantes, no Centro de Curitiba.

Nela, a escritora relembra, de forma ágil e dinâmica, suas experiências com a enfermidade. Evelyne recorda momentos importantes desde o diagnóstico na Alemanha, passando pelo período de internação, recuperação e cura. A publicação destaca os e-mails trocados por ela com familiares e amigos, além de diálogos entre médicos e notas da própria autora.

 


Evelyne conta, por exemplo, que se mudou para a Alemanha em 2010 junto com o marido, um voluntário alemão que ela conheceu no Brasil. Em um certo dia de 2012, notou algumas manchas no braço, no joelho e na panturrilha, mas não as levou a sério. Com o tempo, mais manchas apareceram em todo o corpo. Então, procurou um dermatologista e depois de uma odisseia de exames foi diagnosticada com hanseníase, uma doença com poucos casos atualmente na Europa.

A autora encontrou na escrita força para sua recuperação e cura. Foi então que começou a produzir um diário sobre sua luta, no qual narra a batalha vivida durante 500 dias, desde o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas até o fim de seu tratamento. E são esses textos que constam no livro, que, segundo a autora, tem como objetivo ajudar outras pessoas com hanseníase e sensibilizar a sociedade a respeito da enfermidade.

Sobre a hanseníase
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae e que atinge principalmente a pele e os nervos. Sua transmissão se dá pelo contato prolongado com pessoas com a enfermidade e sem tratamento, por meio das vias aéreas superiores. Alguns dos sinais e sintomas são o surgimento de manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, além de caroços avermelhados ou castanhos, podendo apresentar diminuição ou perda da sensibilidade da pele à dor, ao calor e ao tato. É importante ressaltar que a hanseníase tem cura. Seu tratamento é feito com uma combinação de medicamentos e é oferecido gratuitamente via Sistema Único de Saúde (SUS).

Sobre a AEW-PR
A Associação Eunice Weaver do Paraná é uma organização sem fins lucrativos que trabalha em prol da causa da luta contra a hanseníase e o preconceito que cerca a doença desde o início de sua história. Suas atividades iniciaram em 1941 e em sede funcionava o Educandário Curitiba, que servia de moradia para filhos sadios de pessoas com hanseníase, que eram separados de seus pais por conta do isolamento compulsório determinado pelo governo federal na época. O educandário funcionou até o fim da década de 1980.

Com o tempo, o escopo de atividades da instituição foi ampliado. Atualmente, a AEW-PR atua na criação, implementação, organização e promoção de iniciativas que visem à proteção, formação e assistência de crianças, jovens e adultos, em especial aqueles em situação de risco ou com deficiência. Isso por meio do atendimento médico, psicológico, assistencial, educacional, cultural e material, por exemplo.

A Associação também promove e apoia a pesquisa científica, viabilizando projetos por meio de articulação em rede. E mais: oferece amparo jurídico para a efetivação dos direitos das pessoas que foram separadas de seus pais, que tiveram hanseníase, e moraram no antigo Educandário Curitiba. Realiza também atividades que contribuem para a promoção de saúde e qualidade de vida. Com ações de educação ambiental para crianças e adolescentes de escolas urbanas, proporcionando contato com a natureza e permitindo a integração do homem com o meio ambiente.