É difícil imaginar que há muitos séculos uma enfermidade, originária do Oriente e difundida no mundo por tribos nômades e navegadores, excluiu pessoas da sociedade e gerou colônias para os doentes, nas quais famílias foram separadas e seres humanos isolados. A história, marcada por preconceito e constante violação de direitos, é real e os danos serão eternos. Hoje, sabe-se que o panorama é diferente. A hanseníase tem cura e diversas instituições trabalham para que a doença seja erradicada.
Pensando nisso, este mês é dedicado ao conhecimento e divulgação da enfermidade. O Janeiro Roxo faz alusão ao Dia Mundial de Combate à Hanseníase, lembrado em 29 de janeiro. A cada ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil registra 30 mil novos casos da doença. O país é o segundo no mundo e perde apenas para Índia, com 126 mil registros por ano.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen, que apresenta afinidade por células cutâneas (pele) e por células dos nervos periféricos. Os sinais e sintomas são dormência, formigamentos e queimações localizadas, que vêm acompanhadas pelo surgimento de manchas na pele e com perda de sensibilidade no local.
A transmissão da enfermidade acontece de pessoa para pessoa, por meio de gotículas provenientes da fala, espirro ou tosse, por exemplo. O bacilo penetra através das vias respiratórias, percorre o organismo e se instala preferencialmente nos nervos periféricos e na pele.
O diagnóstico é clínico, obtido com base nos sinais e sintomas detectados no exame de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. O tratamento se dá com o uso de medicamentos específicos, disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir da primeira dose do antibiótico, o indivíduo contaminado já deixa de ser um transmissor.