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Hanseníase: diagnóstico precoce e tratamento oportuno são fundamentais para evitar sequelas

Crédito da foto: Secretaria Municipal de Saúde de Mesquita (RJ) via Agência Brasil

A hanseníase é uma doença que ainda acomete muitas pessoas no Brasil. O país é o segundo no mundo em relação ao número de casos novos da doença – a Índia ocupa o primeiro lugar – e concentra 90% do total de notificações na América Latina. Nos últimos dez anos – de 2010 a 2020, com dados preliminares do ano passado –, o Brasil registrou 315.445 casos da enfermidade, sendo que em 21.808 das notificações as pessoas já apresentavam grau 2 de sequelas; ou seja, os pacientes já tinham incapacidades e deformidades. No Paraná foram 7.971 casos da doença na última década, sendo 776 com grau 2 de incapacidade física. Os dados são do Ministério da Saúde.

Diante deste cenário, neste 26 de maio, Dia Estadual para Conscientização, Mobilização e Combate à Hanseníase, a Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR) reforça que o diagnóstico precoce da doença e o tratamento oportuno são fundamentais para evitar as sequelas e incapacidades físicas provocadas pela enfermidade, bem como para garantir a qualidade de vida dos pacientes com a doença. A instituição lembra ainda que a hanseníase tem cura e que o tratamento para a enfermidade é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Por isso – e também para combater o estigma e o preconceito que ainda rondam a enfermidade –, a disseminação de informações relacionadas à hanseníase é fundamental. “O que percebemos é uma falta de informação e formação sobre essa doença. Mesmo que exista há séculos, a enfermidade ainda é subdiagnosticada”, explica a médica dermatologista Nádia Almeida, que atua no Hospital Pequeno Príncipe.

Uma crença errônea sobre a hanseníase, por exemplo, é de que a doença faz cair pedaços do corpo (pele, sola do pé, dedos, entre outros). O que ocorre, na verdade, é que, devido à anestesia provocada pela enfermidade, uma pessoa pode se queimar e se machucar sem sentir. Outra informação errada é achar que os pacientes com hanseníase devem ser isolados. “Isso não é verdade, pois, com a medicação e o acompanhamento corretos, eles podem se tratar normalmente em casa e sem se afastar do convívio familiar”, completa a especialista.

Dermatologista Nádia Almeida, que atua no Hospital Pequeno Príncipe

Diagnóstico e tratamento
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica, causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. A doença atinge a pele e os nervos periféricos e se manifesta com diversos sinais e sintomas, como o aparecimento de manchas assintomáticas na pele e alteração nas extremidades, como mãos e pés, podendo apresentar amortecimento, formigamento e, às vezes, até mesmo a paralisia dos membros acometidos.

A transmissão do bacilo Mycobacterium leprae ocorre pelas vias respiratórias (secreção nasal, tosse, espirro e gotícula de saliva, por exemplo). O contágio intradomiciliar é mais frequente, ocorrendo entre membros da mesma família e devido ao contato prolongado. “Por conta dessa proximidade, as crianças também podem ser contaminadas, mas as manifestações clínicas demoram a surgir”, ressalta a dermatologista. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, foram registrados na última década 21.356 casos de hanseníase em menores de 15 anos de idade no Brasil; no Paraná, foram 94 casos de 2010 a 2020.

O diagnóstico da doença é clínico, detectado por meio do exame de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. “Quanto antes for identificada, maior é a chance de não haver nenhum comprometimento nos membros do corpo e de evitar a transmissão para um maior número de pessoas. O tratamento se dá com o uso de medicamentos específicos, no período de seis meses a um ano, disponíveis gratuitamente pelo SUS”, observa a médica.


Com informações do Ministério da Saúde e do Hospital Pequeno Príncipe