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Diagnóstico precoce da hanseníase é fundamental para evitar sequelas e incapacidades físicas

A data de 26 de maio é marcada pelo Dia Estadual para Conscientização, Mobilização e Combate à Hanseníase, e a Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR) alerta para a importância do diagnóstico precoce. Detectar a doença no seu estágio inicial é fundamental para evitar sequelas e incapacidades físicas, bem como para garantir a qualidade de vida aos pacientes com a enfermidade, que tem cura e tratamento gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A hanseníase é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. A doença atinge a pele e os nervos periféricos, e se manifesta com diversos sinais e sintomas, como o aparecimento de manchas assintomáticas na pele e alteração nas extremidades, como mãos e pés, podendo apresentar amortecimento, formigamento e, às vezes, até mesmo a paralisia dos membros acometidos.

O diagnóstico da hanseníase é clínico, detectado por meio do exame de toda a pele, olhos, palpação dos nervos, avaliação da sensibilidade superficial e da força muscular dos membros superiores e inferiores. “Quanto antes for identificada, maior é a chance de não haver nenhum comprometimento nos membros do corpo e de evitar a transmissão para um maior número de pessoas. O tratamento se dá com o uso de medicamentos específicos, no período de seis meses a um ano, disponíveis pelo SUS”, ressalta a dermatologista Nádia Almeida, que atua no Hospital Pequeno Príncipe.

A médica afirma que alguns cuidados podem a ajudar a prevenir a doença. “Como manter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos e ter uma condição de higiene adequada. Novos casos de hanseníase surgem, geralmente, em pessoas que têm contato direto com um doente. Por isso, é importante o exame periódico de contatos familiares dos pacientes. A partir do momento que o doente começa o tratamento, ele deixa de ser o transmissor da enfermidade”, destaca.

Nádia alerta, ainda, que a conscientização e a reflexão de toda a sociedade a respeito da hanseníase também são muito importantes para o controle da doença. “O que percebemos é uma falta de informação e formação sobre essa enfermidade. Mesmo que exista há séculos, a hanseníase ainda é subdiagnosticada”, observa.

Cenário da hanseníase no Brasil e no Paraná
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente o Brasil concentra mais de 90% dos casos de hanseníase na América Latina. O país é o segundo no mundo e perde apenas para a Índia. Dados preliminares do Ministério da Saúde mostram que foram identificados 23.612 casos novos da doença no Brasil em 2019. No Paraná, segundo o ministério, foram 503 casos novos no último ano.

Um dado preocupante é o número de notificações de crianças e adolescentes com até 15 anos que têm a enfermidade. De 2009 a 2018, foram diagnosticados no Brasil 21.808 casos novos da doença em menores de 15 anos. Somente em 2019, foram 1.319 casos novos no Brasil, sendo oito no Paraná. Devido ao longo período de incubação da hanseníase, a ocorrência de casos nessa faixa etária indica focos de transmissão ativa, de acordo com o Ministério da Saúde.

A dermatologista lembra que a transmissão da doença ocorre pelas vias respiratórias (secreção nasal, tosse, espirro, gotículas de saliva) e que o contágio intradomiciliar é mais frequente (entre os membros da família e devido ao contato prolongado). “Por conta dessa proximidade, as crianças também podem ser contaminadas, mas as manifestações clínicas demoram para surgir”, conclui Nádia.

Com informações do Hospital Pequeno Príncipe e do Ministério da Saúde