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Associação Eunice Weaver do Paraná realiza a entrega simbólica de aves natalinas e panetones

O final do ano é uma época bastante aguardada na Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR). E não somente pela comemoração do Natal e a proximidade de um novo ano, mas também por ser um período marcado pela confraternização entre antigos moradores do Educandário Curitiba, que funcionou entre as décadas de 1940 e 1980 no terreno que hoje abriga a sede da instituição. Mas devido ao atual cenário da pandemia da COVID-19, o tradicional almoço de fim de ano deu lugar, mais uma vez, a uma entrega simbólica de aves natalinas e de panetones, o que ocorreu nos dias 13 e 15 de dezembro.

“Precisamos garantir a saúde e a segurança de todos, visto que temos no grupo muitas pessoas com mais de 60 anos de idade. Mas não poderíamos deixar essa época do ano passar em branco. Então, essa foi a forma que encontramos, mais uma vez, para proporcionar uma oportunidade de reencontros e também para desejar boas festas a essas pessoas que fazem parte da nossa história e que são tão especiais para nós”, ressaltou a presidente da AEW-PR, Carolina Pires Fossati Balaroti. “E seguimos com a esperança de que em 2023 possamos voltar a realizar o nosso tradicional e tão aguardado almoço de fim de ano”, completou.

Durante a entrega dos presentes, foram vários os reencontros entre amigos. Em meio a sorrisos – alguns escondidos atrás de máscaras de proteção – e lágrimas nos olhos, os antigos moradores do educandário relembraram histórias vividas no local quando ainda eram crianças e adolescentes. “Quando eu venho aqui, passa um filme na minha cabeça, um filme da infância da gente. Eu fiquei no educandário dos 7 aos 13 anos. A gente entra aqui e vê tudo parado no tempo. Essas árvores, essa natureza. Bate uma saudade, por mais que nós não tenhamos passado somente momentos bons aqui. Mesmo assim, dá saudade”, afirmou Elias Soares.

A saudade também foi o sentimento compartilhado por Antônio Soares de Almeida, de 68 anos, que viveu no Educandário Curitiba de 1962, quando tinha 8 anos de idade, até 1972, tendo saído do local aos 18 anos. “A gente tem uma lembrança muito boa dos amigos da época. Então, recordamos os acontecimentos de quando éramos crianças. A gente vem até a Associação não somente para buscar os presentes. Também estamos aqui para rever os amigos da época de educandário, para matar a saudade. Nosso ponto de encontro é aqui”, concluiu.

Resgate da história e fortalecimento de laços

Um dos focos do trabalho da Associação Eunice Weaver do Paraná é a mobilização em prol de pessoas que tiveram hanseníase no passado e de seus filhos sadios. O objetivo é promover a união entre essas pessoas e desenvolver ações que possam contribuir para a garantia dos seus direitos. Uma das iniciativas é a realização de reuniões com os ex-moradores do antigo Educandário Curitiba, que durante quatro décadas recebeu os filhos sadios de pessoas com hanseníase.

Esses encontros – que já estão no calendário de quem viveu no educandário separado dos pais e da família em razão do isolamento compulsório estabelecido pelo governo federal na época a pessoas com a enfermidade – buscam proporcionar o resgate da história desses cidadãos e o fortalecimento dos laços criados entre eles quando ainda eram crianças e jovens, ou seja, em períodos fundamentais para a formação da identidade e da cidadania dessas pessoas. Desde 2020, devido à pandemia da COVID-19, o tradicional almoço precisou ser substituído pela entrega simbólica de aves natalinas e de panetones, decisão essa que tem sido essencial para contribuir com a garantia da saúde e da segurança de todos.