A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) apresentou neste mês, em Palmas, no Tocantins, a Estratégia Global para Hanseníase 2016-2020. Foi durante a 1ª Conferência Livre de Vigilância em Saúde com ênfase nesse tema.
Para a consultora da representação da OPAS/OMS no Brasil, Vera Andrade, são necessárias rápidas e efetivas ações para impedir, principalmente, que crianças sejam infectadas pela doença.
“Precisamos seguir na direção da descoberta precoce dos casos de hanseníase, evitando a instalação de incapacidades físicas, e temos que perseguir com firmeza a oferta de um tratamento completo e humanizado. É preciso caminhar para diagnosticar e tratar as pessoas afetadas pela enfermidade o mais cedo e o mais perto possível de suas casas”, ressaltou.
De acordo com a consultora, a Estratégia Global é baseada no combate à hanseníase e suas complicações, no fortalecimento de parcerias, no enfrentamento da discriminação e na inclusão. “A intensa programação dessa conferência abre novas esperanças para que possamos alcançar um país com menor carga dessa doença”, disse.
Segundo ela, a implantação dessa estratégia é muito importante porque, embora a hanseníase esteja presente em 24 dos 35 países das Américas, todos eliminaram a doença como problema de saúde pública (menos de um caso para cada 10 mil habitantes) – exceto o Brasil. Por isso, a OPAS/OMS tem se empenhado em colaborar com as ações dos governos e instituições brasileiras.
Um exemplo é o projeto “Abordagens inovadoras para intensificar esforços para um Brasil livre da hanseníase”, desenvolvido pelo Ministério da Saúde brasileiro em parceria com a OPAS/OMS e com apoio da Fundação NIPPON, do Japão. A iniciativa, que busca reduzir a carga da doença, começou nesta semana em 20 municípios dos Estados do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Piauí e Tocantins. Essas localidades foram escolhidas por terem apresentado o maior número de casos novos da enfermidade diagnosticados em menores de 15 anos.
O modelo adotado no projeto foi inspirado em uma experiência bem-sucedida desenvolvida na capital do Tocantins, chamada “Palmas livre da hanseníase”, que também conta com a colaboração da OPAS/OMS. A iniciativa, que começou em maio de 2016, tem treinado profissionais da atenção básica do município – entre eles, os do programa Mais Médicos – para torná-los aptos a diagnosticar e tratar pacientes com a doença.
Hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica infecciosa que afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, a mucosa do trato respiratório superior e os olhos. Essa enfermidade tem cura e o tratamento prestado em seu estágio inicial evita deficiências.
O controle da hanseníase tem melhorado significativamente devido às campanhas nacionais e subnacionais na maioria dos países endêmicos. A integração dos serviços básicos da doença aos serviços de saúde gerais tem feito o diagnóstico e o tratamento da enfermidade mais acessível.
De acordo com números oficiais de 121 países de cinco regiões da OMS, o número de casos novos de hanseníase registrados em 2014 foi de 213.899. Em 2013, foram 215.656 e, em 2012, 232.857.
Nas Américas, a quantidade de novos registros diminuiu 35,8% em uma década – de 52.662 em 2004 para 33.789 em 2014, segundo informações da OPAS/OMS. No entanto, nos últimos cinco anos, foram detectados casos novos da doença em 24 países nas Américas, dos quais 94% foram localizados em território brasileiro.
Fonte: ONU Brasil