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AEW-PR recebe ex-moradores do Educandário Curitiba para almoço de confraternização

 

No calendário das pessoas que viveram no antigo Educandário Curitiba, há uma data que é muito aguardada todos os anos: a do almoço anual de confraternização. O encontro de 2019 ocorreu no último dia 15, na sede da Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR), em um domingo marcado por muitos momentos de emoção e de histórias relembradas do tempo em que viveram na instituição. Tudo acompanhado de um delicioso barreado, muita música e distribuição de presentes.

A representante da parceria entre o Complexo Pequeno Príncipe e a AEW-PR, Ety Cristina Forte Carneiro, saudou os convidados do evento. “Neste ano, me tornei avó. E ao conhecer a minha primeira netinha, conheci uma nova dimensão do amor. Esse amor que a gente tem por um filho, por um neto, por um sobrinho, é o que eu quero desejar para todos vocês. Que a sua vida e as suas relações sejam norteadas por um amor bom, por boas escolhas, saúde e muita alegria. Um feliz Natal a todos e um 2020 maravilhoso”, disse.

Muitas lembranças e laços reforçados
Estiveram presentes no almoço filhos de pais que tinham hanseníase e que foram afastados de suas famílias na época do isolamento compulsório estabelecido pelo governo federal a pessoas com a enfermidade. Naquele período, várias crianças separadas de seus pais, muitas delas ainda bebês, foram abrigadas no Educandário Curitiba, localizado no terreno da hoje AEW-PR.

Acompanhados por seus familiares, eles lembraram das histórias ali vividas no passado, além de reforçarem os laços de amizade que surgiram naquela época e perduram até hoje. São histórias como a de Albertina Santos de Lima, de 58 anos, que nasceu em Piraquara, no então Hospital Colônia São Roque, onde os seus pais viviam.

Albertina foi encaminhada ao educandário ainda bebê, com poucos dias de vida. Saiu de lá aos 14 anos e viveu com duas famílias diferentes por alguns meses, até passar a viver com o pai. “É muito bom retornar para cá e encontrar os meus irmãos. Somos uma família, a família do educandário. É uma alegria muito grande vir hoje aqui. Não queria nem que acabasse esse dia, que é muito aguardado”, afirmou ela.

“A herança que o educandário deixou”
Epaminondas Gomes, de 60 anos, viveu no Educandário Curitiba durante 11 anos, de onde saiu em meados da década de 1970, quando a mãe foi buscá-lo. “De lá para cá, eu nunca mais larguei ninguém. Encontro todo mundo todos os anos, todos os meses. Corro atrás da turma todas as semanas. Somos uma família”, contou.

Segundo ele, as lembranças que tem do educandário são as melhores possíveis. “Tudo o que tenho de bom na vida, o que consegui, foi graças aqui. Eu sempre estou sorrindo, brincando com a turma, e foi o que aprendi aqui. O educandário não me ensinou a andar com o rosto fechado. Você não vê ninguém aqui com o semblante fechado. Isso foi a herança que o educandário deixou para a gente”, ressaltou.

Gomes tem uma opinião semelhante à de Albertina no que se refere à data do almoço de confraternização ser muito aguardada por todos os ex-moradores do Educandário Curitiba. “Essa data é tão importante quanto o aniversário da gente, quanto um casamento. Nosso grupo é formado todos por irmãos. Tem gente que conheci piazinho e hoje é um lindo guri, casado, com família. Então, são esses momentos que a gente espera. Isso aqui foi o que o educandário plantou e preparou”, concluiu.