Em 2015, cerca de 1 bilhão de pessoas receberam tratamento para pelo menos uma doença tropical negligenciada (DTN), nome dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a patologias associadas à pobreza e que se disseminam com mais facilidade nas partes mais quentes do planeta. O número de pacientes atendidos consta em um novo levantamento sobre o tema divulgado nesta semana pela agência da Organização das Nações Unidas (ONU).
As DTNs incluem infecções diversas, como dengue, raiva, hanseníase, elefantíase, leishmaniose, doença de Chagas e esquistossomose, por exemplo. São patologias que podem debilitar, cegar, mutilar ou desfigurar os afetados.
No relatório “Integrando Doenças Tropicais Negligenciadas à Saúde Global e ao Desenvolvimento”, a OMS aponta conquistas inéditas ao longo dos últimos dez anos. Nesse período, tiveram início as atividades de uma parceria global voltada para mitigar as crises geradas por esses problemas de saúde.
No ano de 2015, 556 milhões de pessoas receberam tratamento preventivo para elefantíase. No mesmo período, mais de 185 mil pacientes com tracoma puderam fazer a cirurgia de triquíase em todo o mundo, e mais de 56 milhões de pessoas tiveram acesso a antibióticos para tratar a doença. O tracoma é a principal causa infecciosa da cegueira.
Os casos de tripanossomíase humana africana – também chamada “doença do sono” – passaram de 37 mil novas ocorrências de 1999 para menos de 3 mil casos em 2015. Também há dois anos, somente 12 mortes notificadas foram atribuídas à raiva nas Américas, aproximando a região de seu objetivo de eliminar a doença entre seres humanos em 2015.
A OMS lembra, ainda, da leishmaniose visceral, doença que, em 2015, havia sido eliminada em 82% dos subdistritos da Índia, 97% dos subdistritos de Bangladesh e em todas as regiões do Nepal. No mesmo ano, mais de 114 milhões de indivíduos tiveram acesso à terapia para a oncocercose, também conhecida como “cegueira dos rios” ou “mal de garimpeiro”. Contingente representa 62% da população que precisa de atendimento para tratar a doença.
Apesar dos avanços, o organismo internacional alerta que as DTNs ainda causam 534 mil mortes por ano. A OMS estima que 2,4 bilhões de pessoas ainda não têm instalações sanitárias básicas, como banheiros e latrinas, enquanto mais de 660 milhões continuam a beber água de fontes impróprias.
Chamado global
O levantamento da agência da ONU foi publicado no mesmo dia em que teve início, em Genebra, a Reunião de Parceiros Globais sobre DTNs. O evento reúne especialistas e representantes de governos e da indústria para discutir os rumos do combate a essas patologias.
“Nos últimos dez anos, milhões de pessoas foram salvas de ficarem debilitadas e (também) da pobreza, devido a uma das parcerias globais mais eficazes da saúde pública moderna”, ressaltou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. “Mais ganhos na luta contra as doenças tropicais negligenciadas dependerão de um progresso mais amplo em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, acrescentou o diretor do Departamento de Controle de DTNs, Dirk Engels.
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Fonte: ONU