O Brasil lidera os casos de hanseníase nas Américas e representa uma parcela significativa dos casos globais – é o segundo país com mais notificações no mundo, atrás apenas da Índia. Embora haja avanços, a doença, que tem tratamento gratuito e cura, persiste como um problema de saúde pública. Outros países como Rússia, África do Sul, Índia e China, além dos demais membros do bloco, enfrentam desafios similares, como a falta de diagnóstico precoce e informação limitada sobre a enfermidade e, ainda, falta de notificação obrigatória. O 18.º Congresso Brasileiro de Hansenologia compartilhará experiências bem-sucedidas entre os países do BRICS+ e reunirá representantes do bloco para abertura de acordos de cooperação mútua.
O congresso da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) é o maior evento sobre o tema no Brasil. O programa abordará desde a conscientização pública até as mudanças nas formas clínicas da doença, estratégias de busca ativa de casos principalmente para o diagnóstico precoce da hanseníase, além de novos tratamentos dos pacientes e a realidade atual de recidivas (volta da hanseníase tempos após a alta do paciente) e falência terapêutica (quando o paciente ainda apresenta bacilos vivos após o tratamento).
“São os principais temas que preocupam autoridades médicas em todo o mundo, especialmente os países campeões em hanseníase e que têm um dilema pela frente, que é controlar uma doença que persiste por décadas”, explica o médico Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da SBH e do congresso.
O evento será realizado em Salvador, na Bahia, com a presença dos maiores especialistas brasileiros e convidados estrangeiros renomados. Dentre os temas já confirmados, estão: curso específico para agentes comunitários de saúde; prevenção de incapacidades; e reabilitação, pois a doença ainda é diagnosticada tardiamente, quando muitos pacientes já apresentam sequelas incapacitantes e irreversíveis que poderiam ser prevenidas com diagnóstico precoce.
O 18.º Congresso Brasileiro de Hansenologia tem, ainda, espaço para os movimentos sociais. “Há muitos anos, convidamos os movimentos de iniciativa social que fazem um trabalho diferenciado de diálogo com as pessoas afetadas pela hanseníase e seus familiares, vítimas de preconceito, exclusão e, muitas vezes, abandono, situações já legitimamente vencidas em cenários de outras doenças até mais graves do que a hanseníase”, alerta Frade.
BRICS+
É um bloco formado em 2009 inicialmente pelo Brasil, Rússia, Índia e China como um grupo de países de mercado de desenvolvimento econômico emergente. Porém, desde 2001, a sigla BRIC já era conhecida internacionalmente em referência ao Brasil, Rússia, Índia e China.
Em 2011, a sigla ganhou o S de South Africa, e, em 2024, entraram no grupo o Egito, a Etiópia, o Irã, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos representados pelo sinal “+”. O BRICS+ não é um bloco exclusivamente econômico, mas uma aliança de cooperação visando a uma representação geopolítica voltada aos interesses e especificidades econômicas, sociais e culturais dos países-membros. Além disso, houve também uma busca por aumentar a influência militar do grupo no cenário geopolítico internacional.