Polo Base Auaris, no Território Yanomami, em Roraima, foi definido como ponto central para a implementação de um Plano Estratégico de Vigilância e Controle das Parasitoses Intestinais e Hanseníase. A ação, liderada pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) e o Médicos Sem Fronteiras (MSF), tem como objetivo combater problemas de saúde pública que impactam diretamente as comunidades locais, especialmente crianças menores de 5 anos e gestantes.
Além da Sesai, do Departamento de Doenças Transmissíveis da SVSA e do Médicos sem Fronteiras, também participaram da ação o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Ye’kwana (DSEI/YY), a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal de Roraima (UFRR).
O projeto surgiu diante da alta prevalência de geo-helmintíases (grupo de doenças parasitárias intestinais), um problema crítico na região, que pode causar desnutrição, anemia e outros impactos na saúde infantil. A hanseníase, considerada uma doença negligenciada, também foi incorporada ao plano, com ações de triagem e testes rápidos para mapear o perfil epidemiológico do território.
De acordo com Pedro Falcão, sanitarista da Coordenação-Geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação da SVSA (CGHDE) e coordenador técnico do projeto, os resultados iniciais da ação são promissores. Segundo Falcão, além da redução das parasitoses intestinais, houve uma melhoria no estado nutricional das crianças atendidas e no bem-estar geral das comunidades. “A construção de um perfil epidemiológico representa um avanço significativo para a saúde indígena nessa região, possibilitando a formulação de políticas voltadas para as doenças tropicais negligenciadas mais direcionadas e efetivas”, pontuou.
Falcão ressaltou ainda que, com a continuidade do projeto de intervenção da vigilância e sua expansão para outras áreas, a expectativa é que mais comunidades sejam beneficiadas, promovendo não apenas melhorias na saúde, mas também no desenvolvimento sustentável da região.
“Por meio da expansão do Plano Estratégico de Vigilância e Controle das Parasitoses Intestinais e Hanseníase, poderemos garantir mais qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável da região, bem como a melhoria na gestão e no fluxo da informação para a tomada de decisão pelos gestores de saúde indígena”, esclareceu o sanitarista.
O projeto foi iniciado em julho deste ano, com reuniões técnicas para planejamento e definição de abrangência, capacidade técnica e logística. A equipe multidisciplinar contou com seis profissionais de diferentes especialidades, incluindo duas biólogas, um médico dermatologista, uma pediatra, um farmacêutico e um sanitarista.
Em novembro, a equipe visitou 14 comunidades de Auaris, promovendo acolhimento e executando intervenções essenciais, como cadastro, medidas antropométricas, coleta de amostras de fezes, tratamento antiparasitário com albendazol, triagem de doenças de pele e aplicação de testes rápidos de hanseníase.
A próxima fase do plano está prevista para fevereiro e março de 2025, com expansão para novas áreas do Polo Base Auaris e qualificação dos profissionais locais com base nos resultados.
Além da execução das ações em campo, o projeto prevê atividades complementares, como análise laboratorial das amostras fecais na UFRR e a capacitação de técnicos locais para fortalecer a vigilância em saúde e promover a sustentabilidade das intervenções. Um curso de formação sobre o enfrentamento da malária também deverá ser realizado, complementando os esforços para melhorar a saúde pública nas comunidades Yanomami.
Fonte: Ministério da Saúde