Diagnóstico e Tratamento

Quando suspeitar de hanseníase?

Um doente de hanseníase é alguém que:

Tem uma mancha ou manchas na pele com evidente perda de sensibilidade, que podem estar em qualquer parte do corpo, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.

Manchas da hanseníase:

  • Podem ser esbranquiçadas, avermelhadas ou da cor do cobre.
  • Podem ser planas ou elevadas.
  • Não têm prurido.
  • Normalmente não doem.
  • Apresentam falta de sensibilidade ao calor, tato ou dor; e podem aparecer em qualquer parte do corpo.

Outros Sinais e Sintomas:

  • Área de pele seca e com falta de suor
  • Área da pele com queda de pelos, inclusive nas sobrancelhas
  • Úlceras de pernas e pés
  • Caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos
  • Área da pele com sensação de formigamento
  • Dor e sensação de choque, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços, das pernas e dos pés, inchaço de mãos e pés
  • Diminuição da força dos músculos das mãos, pés e face devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos, a exemplo de pessoas que não conseguem mais segurar uma panela, uma sombrinha, um jovem que não consegue chutar uma bola, uma criança que não consegue empinar uma pipa, por exemplo

Sinais que não são hanseníase:

  • Manchas na pela apresentam sensibilidade normal
  • Manchas que existem no corpo desde o nascimento
  • Manchas pruriginosas
  • Manchas que aparecem ou desaparecem de repente e se espalham rapidamente

Como o profissional de saúde deve examinar uma suspeita de Hanseníase

O profissional de saúde deve examinar a pele à luz do dia ou numa sala bem iluminada. Todo o corpo de ser examinado (sem esquecer das mãos e pés).
O profissional de saúde deve perguntar ao doente se as manchas dão prurido, se a resposta for afirmativa, não é hanseníase.

A perda de sensibilidade deverá ser testada em apenas uma ou duas manchas da pele. Se existir perda de sensibilidade, é hanseníase.

O profissional de saúde deve perguntar sobre tratamentos feitos no passado. Uma pessoa que completou o tratamento com PQT não precisa de tratamento adicional.

O profissional de saúde deve procurar qualquer deformidade visível nos olhos, face, mãos e pés.

Não fique com dúvidas. Se o profissional de saúde não tiver absoluta certeza de que a lesão tem perda de sensibilidade, deve encaminhar para um colega com mais experiência.

Primeiras medidas a serem adotadas

Assistência ao paciente

O tratamento da hanseníase é eminentemente ambulatorial realizado na unidade básica de saúde. O esquema terapêutico utilizado é a PQT/OMS. Os medicamentos devem estar disponíveis em todas as unidades de saúde de municípios endêmicos.

A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizadas, segundo o esquema terapêutico administrado.

Prevenção e tratamento de incapacidades físicas

A principal forma de prevenir a instalação de deficiências e incapacidades físicas é o diagnóstico precoce.

A prevenção de deficiências (temporárias) e incapacidades (permanentes) não deve ser dissociada do tratamento PQT.

As ações de prevenção de incapacidades e deficiências fazem parte da rotina dos serviços de saúde e recomendadas para todos os pacientes.

A avaliação neurológica deve ser realizada:

  • no início do tratamento;
  • a cada 3 meses durante o tratamento, se não houver queixas;
  • sempre que houver queixas, tais como: dor em trajeto de nervos, fraqueza muscular, início
  • ou piora de queixas parestésicas;
  • no controle periódico de pacientes em uso de corticóides, em estados reacionais e
  • neurites;
  • na alta do tratamento;
  • no acompanhamento pós-operatório de descompressão neural, com 15, 45, 90 e 180 dias.

Autocuidados

A prevenção das incapacidades físicas é realizada através de técnicas simples e de orientação ao paciente para a prática regular de autocuidado.

Autocuidados são procedimentos que o próprio paciente, devidamente orientado, deverá realizar regularmente no seu domicílio.

Técnicas simples são procedimentos a serem aplicados e ensinados ao paciente pelas unidades básicas de saúde, durante o acompanhamento do caso e após a alta, com o propósito de prevenir incapacidades e deformidades físicas decorrentes da hanseníase.

Investigação epidemiológica

A investigação epidemiológica tem por finalidade a descoberta de casos entre aqueles que convivem ou conviveram com o doente e suas possíveis fontes de infecção.

A partir do diagnóstico de um caso de hanseníase deve ser feita, de imediato, a sua investigação epidemiológica.

As pessoas que vivem com o doente de hanseníase correm maior risco de serem contaminadas do que a população em geral. Por isso, a vigilância de contatos intradomiciliares é muito importante.

Para fins operacionais, considera-se contato intradomiciliar toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente de hanseníase, nos últimos 5 anos.

A investigação consiste no exame dermatoneurológico de todos os contatos intradomiciliares dos casos novos detectados e no repasse de orientações sobre período de incubação, transmissão e sinais e sintomas precoces da hanseníase, bem como em relação ao aparecimento de seus sinais e sintomas, indicando, nesses casos, a procura da unidade de saúde.

Retirado de “Como ajudar no controle da hanseníase?” / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2008.