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Paraná terá novo centro especializado para tratamento da hanseníase

Crédito da foto: Venilton Küchler

Crédito da foto: Venilton Küchler

O secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, anunciou na última semana a reforma de um espaço desativado do Hospital São Roque, em Piraquara, para abrigar o novo centro especializado de tratamento da hanseníase. O anúncio foi feito em 23 de maio durante um evento comemorativo ao dia estadual de conscientização sobre a doença, realizado em Curitiba.

As obras devem ser iniciadas ainda neste ano e terão o investimento estadual de quase R$ 500 mil. Serão reformadas ou adequadas quatro casas para a instalação de consultórios e ambulatórios de fisioterapia e outras especialidades.

Segundo o secretário, isso demonstra uma mudança de conceito em relação ao controle da doença no Estado. “Em três anos, já conseguimos avançar em diversas áreas. Isso ocorreu porque tiramos a hanseníase do rol de doenças negligenciadas e a colocamos como uma de nossas prioridades”, ressaltou Caputo Neto.

Com o novo espaço, será possível realocar os serviços que atualmente são ofertados no centro especializado Germano Traple, mantido pela prefeitura de Piraquara. A unidade, inaugurada em 2006, dispõe de médicos, dermatologistas, fisioterapeutas, psicólogos e assistentes sociais capacitados para atender pacientes com hanseníase.

A secretária de Saúde de Piraquara, Maristela Zanella, explicou que o apoio do governo do Estado será importante para garantir mais conforto aos pacientes e dar melhores condições de trabalho aos profissionais. “Apesar do empenho da nossa equipe multiprofissional, ainda nos falta estrutura para oferecer um atendimento de qualidade aos nossos pacientes”, disse.

Piraquara tem a particularidade de ter sido sede do antigo leprosário estadual. A cidade ainda concentra grande parte dos pacientes egressos e por isso necessita de uma atenção especial em relação à hanseníase. Além do município, o serviço é referência para o atendimento de pacientes de todas as regiões do Estado.

Francisca Barros da Silva (Dide) foi uma das pacientes do leprosário e hoje é atendida no centro especializado. Para ela, o novo espaço é uma reivindicação antiga de todas as pessoas que frequentam o serviço. “Aguardávamos há anos por essa conquista e por isso hoje é um dia para ser comemorado”, destacou.

Informação
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que se manifesta principalmente na pele, com manchas esbranquiçadas e avermelhadas, dormência, caroços pelo corpo e bolhas nas mãos e braços. A enfermidade também compromete os nervos periféricos, podendo causar deformidades nas mãos e nos pés.

Uma vez iniciado o tratamento, o paciente não transmite mais a hanseníase. O tratamento, que tem duração de seis meses a um ano, é à base de medicamentos e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

No Paraná, mil casos novos de hanseníase são diagnosticados anualmente. O dado revela que, apesar de pouco conhecida, a doença atinge muitos paranaenses e exige atenção especial da população e dos profissionais de saúde.

Preconceito
O superintendente da Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz, lembrou que o preconceito e a falta de informação ainda são os principais desafios para o controle da enfermidade. “Estamos trabalhando para divulgar os sintomas e capacitar os profissionais de saúde para que identifiquem precocemente casos suspeitos. Desta forma, podemos evitar que a doença se agrave e deixe sequelas”, observou.

Cirurgias reabilitativas
Em 2012, o Estado do Paraná retomou a realização de cirurgias reabilitativas da hanseníase. O procedimento é importante para melhorar a qualidade de vida daquelas pessoas que estão curadas da doença, mas tiveram deformações e outros problemas motores por conta da hanseníase.

Neste período, 115 cirurgias já foram realizadas no Centro Hospitalar de Reabilitação, em Curitiba, e na Santa Casa de Cambé. Um dos pacientes beneficiados foi Aparecido Cabral, coordenador estadual do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan). “Fui submetido a três cirurgias que fizeram com que minhas dores diminuíssem bastante. Infelizmente, por causa do diagnóstico tardio, perdi parte da minha capacidade de locomoção”, afirmou.

Fonte: Sesa