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Secretaria da Saúde alerta sobre incapacidade física causada pela hanseníase

Mesmo com os avanços no tratamento e no combate à hanseníase no Paraná, o número de casos de incapacidades físicas causadas pela doença tem aumentado, o que indica a ocorrência de diagnósticos tardios. O alerta é da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Em 2017, foram diagnosticados 561 casos novos da enfermidade no território paranaense, sendo 38,6% já com incapacidades físicas visíveis, funcionais ou com dificuldade na realização das atividades da vida diária. A maior parte foi registrada entre pessoas em idade produtiva.

Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde, Júlia Cordelinni, o Paraná tem apresentado queda em torno de 20% no número de casos de hanseníase, quando o esperado seria uma queda anual de cerca de 5%. O dado indica um subdiagnóstico – ou seja, há situações em que a doença existe, mas não é identificada ou o é tardiamente.

“A hanseníase é uma doença silenciosa, oculta em sua fase inicial, podendo passar despercebida por muitos anos. Para que a detecção precoce dos casos aconteça, é fundamental que as unidades básicas de saúde mantenham portas abertas, com profissionais acolhedores e conscientes”, explica Júlia.

O encaminhamento para diagnóstico com especialistas é a principal forma de detecção da doença no Estado, mas é a mais demorada. O ideal, como ressalta Jaqueline Finau, da Coordenação Estadual do Programa de Controle da Hanseníase, é que o diagnóstico da enfermidade seja feito já nas unidades de saúde. “As pessoas precisam procurar o serviço de saúde assim que percebam algum sinal de alerta na pele ou no corpo, antes de haver o comprometimento dos nervos ou dos membros”, diz.

Mobilização
O Paraná incluiu no calendário oficial do Estado a data de 26 de maio como o Dia Estadual para Conscientização, Mobilização e Combate à Hanseníase, que, neste ano, foi lembrado no último sábado. Em 2018, a ideia é que os municípios paranaenses identifiquem quem teve contato com pessoas diagnosticadas com a doença nos últimos cinco anos.

Em 2017, 2,9% dos casos novos de hanseníase foram detectados a partir do exame de contatos. Desses casos, nenhum apresentava incapacidade física. De acordo com o médico dermatologista da Coordenação Estadual de Hanseníase, Thiago Berestinas, uma vez que a doença é transmitida por contato próximo e prolongado, os cidadãos que residiram com a pessoa doente têm maior risco de desenvolver a enfermidade. Por isso, o acompanhamento dos contatos é fundamental no combate à hanseníase. “Essa identificação é chave para quebrarmos a cadeia de transmissão, promovermos o diagnóstico precoce e, consequentemente, reduzirmos as incapacidades físicas”, destaca.

A proposta é que os municípios avaliem pelo menos 80% dos contatos de casos registrados e realizem, também, a busca ativa em populações de maior risco para a doença, como homens acima de 60 anos e pessoas com resistência diminuída.

Treinamento
Para oferecer mais subsídios aos profissionais de saúde dos municípios que atuam no diagnóstico da hanseníase, a Secretaria de Estado da Saúde promoverá um treinamento sobre avaliação dermatoneurológica. A capacitação, por videoconferência, está programada para o dia 13 de julho. O exame dermatoneurológico é importante porque avalia pele e nervos, facilitando o encontro precoce de sinais da doença.

Diagnóstico
O diagnóstico precoce é a principal forma de evitar a ocorrência de incapacidades físicas decorrentes da hanseníase. Uma vez identificada a enfermidade, o tratamento é iniciado, sendo bastante eficaz. A medicação utilizada é a poliquimioterapia e o tratamento tem duração de seis ou 12 meses. Após a medicação, não há risco de transmissão da doença.

Jaqueline salienta que é preciso manter o tratamento pelo tempo determinado pelo médico, mesmo que não haja mais sintomas aparentes da doença. “O sistema público de saúde oferece gratuitamente o acompanhamento médico nas unidades de saúde, bem como a medicação que cura a hanseníase. Mas os pacientes precisam ter a responsabilidade de mantê-lo até o fim”, observa.


Fonte:
Agência de Notícias do Paraná