As crianças estão entre as faixas etárias mais vulneráveis à hanseníase, e enfrentam desafios como deficiências físicas e estigmatização associadas à doença negligenciada. É o que afirma a especialista em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Alice Cruz. A enfermidade pode ser facilmente curada se detectada e tratada em estágio precoce. Caso contrário, pode levar a danos irreversíveis nos nervos, membros e olhos.
Em 2017, foram registrados 210.671 novos casos de hanseníase relatados à Organização Mundial da Saúde (OMS), principalmente na Índia, Brasil, Indonésia, Bangladesh, República Democrática do Congo, Etiópia, Madagascar, Moçambique, Mianmar, Nepal, Nigéria e Filipinas.
“Crianças afetadas pela doença permanecem invisíveis e muitos casos não são detectados. Os dados disponíveis sobre deficiências relacionadas à hanseníase em meninos e meninas são vergonhosamente altos, indicando um fracasso dos sistemas de saúde em controlar a enfermidade e proteger as crianças da moléstia”, observa Alice, que é relatora especial da ONU sobre eliminação da discriminação contra pessoas afetadas pela hanseníase e seus familiares.
A especialista diz que leis arcaicas de muitos países discriminam as pessoas afetadas pela doença, tratando-as como párias. Alice elogia, no entanto, a decisão recente da Suprema Corte da Índia de promover a inclusão social de cidadãos com hanseníase. A relatora especial pediu, ainda, mais revisões legais para acabar com a discriminação e reiterou seu desejo de visitar e fornecer assistência aos Estados.
“É vergonhoso e inaceitável estarmos falhando com as nossas crianças. Os Estados têm o dever de proteger os meninos e meninas da hanseníase e da violência estrutural que impacta negativamente o curso geral das suas vidas”, conclui.
Fonte: ONU