
Hanseníase: o controle da doença começa com o fim do preconceito!
O folder traz informações importantes sobre hanseníase, como o que ela é, o que ela faz e o seu tratamento.
Por Robert Siqueira, do Jornal da USP
O Brasil registrou queda no número de diagnósticos de hanseníase em 2020. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2019 foram mais de 28 mil casos notificados contra apenas cerca de 14 mil no ano passado. Mas o país não tem motivo para comemorar, já que continua sendo o segundo colocado em números da doença, atrás apenas da Índia.
Segundo as autoridades sanitárias, a queda no diagnóstico da hanseníase acende sinal de alerta sobre algo de errado em relação aos registros de casos no país. Além do mais, garantem, é necessário considerar a pandemia do coronavírus (COVID-19) que assola não somente o Brasil, mas o mundo todo, desde o início de 2020.
E as preocupações dos especialistas se explicam pelo fato de a hanseníase ter ultrapassado séculos. É uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria (Mycobacterium leprae) que pode demorar anos para, de fato, se manifestar, necessitando de muita atenção a seus sinais e sintomas. Entre eles estão: sensibilidade, dormência e formigamento em algumas partes do corpo; dores nos nervos; câimbras noturnas – quando se está em repouso –; além do aparecimento de manchas brancas ou vermelhas na pele.
Queda nos diagnósticos
Para Marco Andrey Cipriani Frade, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), a pandemia é um dos fatores principais para explicar essa diminuição. Nesse período, conta o professor, a maioria das pessoas teve medo ou se sentiu insegura em procurar unidades de saúde, que, por sua vez, estavam mais focadas no combate ao coronavírus. O que se viu então foi a suspensão do tratamento e do diagnóstico de algumas doenças que, no caso da hanseníase, foi “bem sério”, garante.
O desvio de foco provocado pela pandemia não foi o único fator para a falta de atenção para a hanseníase. Segundo Frade, trata-se de uma doença que pode facilmente ser confundida com várias outras, como a “micose de praia”, diabete e até mesmo fibromialgia e artrite, mas alerta que também falta informação até mesmo no meio universitário. O professor da USP afirma que a doença não tem recebido a devida atenção e que “muitos alunos se formam sem sequer ver um caso de hanseníase”.
Outro fator, ressaltado por Frade, é a falta de atualização dos profissionais da Saúde, alimentada por um pensamento equivocado de alguns gestores. O professor acredita que, treinados, esses profissionais podem melhor diagnosticar e, consequentemente, aumentar o número de casos que não estão sendo notificados. Mas “muitos gestores têm isso como algo problemático e um demérito para a sua administração”.
Nesse mesmo sentido, o preconceito geral relativo à hanseníase também tem prejudicado o diagnóstico correto. Frade diz que ainda existe a ideia de que a doença está relacionada com a pobreza, o que agrava mais a questão da subnotificação e o tratamento. E cita o exemplo da rede particular de saúde que, segundo ele, nem sequer investiga a hanseníase, levando seus pacientes a enfrentar tratamento em situações críticas. “A hanseníase não escolhe classe social para se instalar”, reforça.
Prejuízos à saúde
Atraso na notificação significa comprometimento do tratamento. E o professor explica que, em situações como essa, de tratamento tardio, o quadro pode ser quase irreversível. A hanseníase, enfatiza, é uma doença que acomete o sistema nervoso periférico e os nervos necessitam de um processo biológico de regeneração muito específico, que é prejudicado quando o diagnóstico é feito tardiamente.
“Quanto mais tempo demora a diagnosticar, mais o bacilo agride e destrói esse nervo, chegando a um ponto em que a regeneração desse nervo pode não acontecer”, observa. O paciente pode até ser curado, entretanto, ele pode não ter condições de recuperar a função do nervo, o retorno da sensibilidade e da força motora, “tornando o paciente incapacitado”.
Fonte: Jornal da USP
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