Um estudo realizado por pesquisadoras da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP revela que mulheres que já tiveram ou ainda têm hanseníase não recebem aconselhamento para evitar a gravidez. A pesquisa também alerta que profissionais da saúde devem orientá-las sobre os riscos da gestação.
A enfermeira Clódis Maria Tavares entrevistou 60 mulheres que apresentavam a doença ou que já haviam a tiveram, as mulheres eram todas moradoras de Maceió e possuíam entre 14 e 49 anos. Os resultados obtidos mostraram que elas não faziam uso de nenhum método anticoncepcional.
O dado despertou a atenção da pesquisadora, pois a maioria afirmou conhecer contraceptivos, como a camisinha masculina (98,3%), a pílula anticoncepcional (88,8%) e a laqueadura tubária (86,7%). Para Clódis, o problema não está apenas na falta de informação, “mas sim em um conjunto de fatores, como baixo nível de escolaridade e serviços de saúde deficientes”.
Segundo a enfermeira, as consequências da gravidez nessas condições não se restringem apenas às mães, que podem ter reações imunológicas graves, “mas também aos bebês, que correm o risco de nascerem com baixo peso e complicações obstétricas”.
Problemas pré-existentes
Mulheres que, mesmo portando a doença, arriscam-se a engravidar estão sujeitas a desenvolver problemas pré-existentes, derivados da doença, já que “a condição delas exige acompanhamento e prática anticonceptiva segura”, afirma a pesquisadora ao lembrar que esses cuidados não são excessivos e podem evitar mortes, incapacidades e preconceitos.
Para Clódis, as unidades de saúde prestadoras de atendimento a pacientes com hanseníase devem sensibilizar seus profissionais para que as mulheres sejam aconselhadas quanto à anticoncepção. “Essas pacientes precisam ser alertadas para esse risco durante todo o tempo do tratamento e por mais cinco anos após a alta”, conclui.
Sobre os resultados da pesquisa com população da região nordeste do país, a enfermeira adianta que o Brasil possui a segunda maior incidência mundial de hanseníase no mundo. Essa mesma realidade encontrada em Alagoas pode ser estendida para as demais regiões do país.
Fonte: EBC