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Fundação Oswaldo Cruz participa de campanha global “Não Esqueça da Hanseníase”

Crédito da foto: Peter Ilicciev/Agência Fiocruz de Notícias

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assinou nessa quarta-feira, dia 17, no Rio de Janeiro, o termo de cooperação para adesão à campanha global Não Esqueça da Hanseníase (“Don’t Forget Hansen’s Disease”, mote oficial em inglês). Idealizada pelo embaixador da boa vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Eliminação da Hanseníase, Yohei Sasakawa, o objetivo da iniciativa é que governos, organizações e pessoas não se esqueçam da importância de se fazer o diagnóstico e o devido tratamento da hanseníase em meio à pandemia da COVID-19. Para marcar a adesão à campanha, a Fiocruz iluminou o seu Castelo, no Rio de Janeiro, com a cor roxa.

Segundo dados do último Boletim Epidemiológico de Hanseníase do Ministério da Saúde (clique aqui para acessar o documento), o diagnóstico de casos novos da doença no Brasil caiu pela metade de 2019 para 2020. “Dados preliminares de 2020 mostram que o Brasil diagnosticou 13.807 casos novos de hanseníase, sendo 672 (4,9%) em menores de 15 anos”, informou a publicação. De acordo com o boletim, em 2019 a Organização Mundial da Saúde recebeu a notificação de 202 mil casos novos da doença no mundo, sendo 29,9 mil nas Américas e, desses, 27,8 mil no Brasil, o segundo país com mais notificações, atrás apenas da Índia.

Para o coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, a diminuição das notificações é preocupante, já que não indica a redução de casos novos. “Essa diminuição infelizmente não pode ser comemorada. Ela significa que, por conta da paralisação de políticas públicas de busca ativa de casos e das dificuldades de acesso aos serviços de saúde impostas pela pandemia, casos novos deixaram de ser registrados e, assim, pessoas que deveriam estar em tratamento não contaram ainda sequer com o diagnóstico”, observou.

Ele destacou que a falta de diagnóstico e de tratamento pode levar ao desenvolvimento de sequelas físicas irreversíveis, além de lesões mais graves na pele e o aparecimento de incapacidades físicas. O tratamento é importante também para que os pacientes parem de transmitir a doença.

Campanha
Além da Fiocruz e do Morhan, o termo de cooperação de adesão à campanha global Não Esqueça da Hanseníase foi assinado também pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, pelo Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio, pelo Instituto Carlos Chagas, pela Rede Universitária de Combate à Hanseníase (ReúnaHans/RJ) e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Os compromissos assumidos pelas entidades com a assinatura do documento são promover a conscientização sobre a hanseníase e combater a discriminação sofrida pelas pessoas afetadas pela doença; divulgar a parceria utilizando a logomarca e o tema da campanha; empenho na organização conjunta de eventos e atividades de interesse mútuo; participar das atividades e eventos realizados pelas entidades; e envolver os órgãos do controle social.

Custódio explicou que a campanha ocorre por adesão, como uma sugestão da OMS. “A iniciativa tem um bom mote – Não Esqueça da Hanseníase – neste momento em que muitas enfermidades foram esquecidas e as doenças negligenciadas são as primeiras a serem esquecidas. O total de esquecimento da doença, não somente no Brasil, fez com que a gente tivesse menos de 55% de casos diagnosticados entre 2019 e 2020. Agora, as pessoas começam a chegar nas unidades de saúde com sequelas e a descoberta de casos ainda está muito baixa. A gente não consegue estimar qual foi o tamanho do atraso relacionado ao enfrentamento da hanseníase que a pandemia deixou como herança”, frisou.

Simpósio
Na manhã desta quinta-feira, dia 18, a Fiocruz promove, em parceria com a farmacêutica Novartis, um webinar sobre doenças negligenciadas para debater a doença de Chagas e a hanseníase. Aberto ao público, o 1º Simpósio de Doenças Negligenciadas Fiocruz-Novartis será no formato on-line e pretende atingir profissionais de saúde, pesquisadores, gestores públicos, pacientes e demais pessoas interessadas no tema.

Serão apresentados assuntos como a importância de políticas públicas para doenças negligenciadas e a abordagem integral no cuidado com os pacientes. Duas sessões específicas irão tratar da doença de Chagas e da hanseníase. A abertura do evento será com o diretor executivo da Novartis Brasil, Renato Carvalho, e o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Aurelio Krieger.

Sinais e sintomas
A hanseníase é uma doença infecciosa que afeta a pele e os nervos, podendo causar lesões irreversíveis. O tratamento e o acompanhamento são feitos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com medicação adequada, e a doença tem cura. A transmissão ocorre pelo contato próximo e prolongado com pessoas sem tratamento.

Os sinais e sintomas da hanseníase incluem manchas esbranquiçadas, amarronzadas e avermelhadas na pele, com mudanças na sensibilidade à dor, ao calor e ao toque; fisgada e formigamento nos nervos dos membros; perda de pelos e redução da transpiração; pele e olhos ressecados; inchaço nas mãos e nos pés; inchaço e dor nas articulações; feridas, sangramento e ressecamento no nariz; febre e mal-estar geral; feridas nas pernas e nos pés; e nódulos avermelhados ou doloridos pelo corpo.

Fonte: Agência Brasil