Para encerrar o mês de conscientização acerca do autismo, o Pequeno Príncipe chamou a atenção sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) por meio do “Encontro de acolhimento ao paciente autista”. Realizada de forma on-line, a iniciativa propiciou um ambiente para trocas de ideias e apresentações de trabalhos referentes ao tema e que já são aplicados na instituição. A realização do evento contou com o apoio da Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR).
“A incidência do autismo vem aumentando a cada ano. No cenário brasileiro, falamos de 4,84 milhões de autistas. Quando tratamos do Pequeno Príncipe, em 2020 a proporção era de um para 54 pacientes. Hoje, o número já é de um a cada 44 pacientes. Com isso, foi fundamental tomar a iniciativa de fazer um evento que busca promover um atendimento cada vez melhor e o acolhimento dos pacientes com autismo no Hospital, conversando sobre as ações que já estamos fazendo e sobre o que podemos aprimorar ainda mais”, relatou a neurologista pediátrica e coordenadora do Ambulatório de Doenças Raras do Hospital Pequeno Príncipe, Mara Lúcia Schmitz Ferreira dos Santos, que atuou como mediadora do evento.
Para o neuropediatra Anderson Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe, compreender como essas pessoas com autismo se sentem contribui para um processo empático mais elaborado, favorecendo o acolhimento. “Fazer parte do transtorno é apresentar uma dificuldade de interação e comunicação social, ou seja, se relacionar de forma diferente com considerável dificuldade e prejuízo; manter comportamentos estereotipados e repetitivos; ter uma inflexibilidade comportamental; além de alterações de processamento sensorial”, disse.
Dicas de interação com paciente autista
– Abra a mente! Não é uma criança birrenta ou pais que não educam. Se essa criança é autista, ela está dizendo, de alguma maneira, que está sofrendo com alguma coisa.
– Abaixe-se para falar com a criança.
– Tente falar mais baixo e pausadamente.
– Nada de gritos súbitos ou movimentos bruscos.
– Informe, calmamente, e com a ajuda do acompanhante, o que será realizado.
– Direcionar paciente e família para um lugar mais reservado.
– Buscar saber com a família as peculiaridades que geram conforto e desconforto ao paciente, como ruídos, luzes e objetos.
– Use técnicas de comunicação alternativas, como cartões.
Projeto Integra
Buscando oferecer acesso ao diagnóstico diferencial e ao tratamento interdisciplinar a crianças e adolescentes com transtorno ou deficiência intelectual, múltipla e de autismo, o Projeto Integra oferta atendimentos em diversas modalidades como psiquiatria, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e atendimentos comunitários.
“Cada paciente é diferente, por isso precisamos ouvir a história dessa criança e perceber que cada uma vem de uma história familiar, cultura e contexto únicos, por isso seus sintomas são singulares e o cuidado é individualizado. Em parceria com a Associação Eunice Weaver do Paraná, utilizamos as dependências do espaço para realizar atendimentos. Lá, as crianças conseguem aproveitar para interagir com o seu círculo familiar e fazer com que esse paciente interaja com outras pessoas, trabalhando essa questão sensorial”, concluiu a coordenadora do Projeto Integra e psiquiatra da infância e adolescência, Jaqueline Cenci.
A iniciativa, que é colocada em prática com recursos provenientes do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas), atende crianças e adolescentes de Curitiba e municípios da região metropolitana. O projeto tem cem vagas disponíveis e, atualmente, atende 60 pacientes.
Fonte: Hospital Pequeno Príncipe