Em mais um ano, a Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR) apoia a Campanha Pra Toda Vida – A violência não pode marcar o futuro das crianças e adolescentes, que faz um alerta importante neste 18 de maio, Dia Nacional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes. Clique aqui e saiba mais sobre a iniciativa.
As ações de 2020 – posts em redes sociais, e-mail marketing e cartaz, entre outras iniciativas – lembram que em tempos de coronavírus, o distanciamento social tem sido considerado o melhor caminho para que a pandemia da COVID-19 seja vencida. Sem aulas nas escolas, as crianças e os adolescentes têm passado mais tempo em casa e o lar deveria ser um local seguro para eles, sem abusos ou agressões. Mas, infelizmente, esta não é a realidade de muitos meninos e meninas, que, em um efeito não intencional do isolamento, podem estar mais expostos a diferentes tipos de violência. Por isso, nesta data, o Hospital Pequeno Príncipe, com o apoio da AEW-PR, reforça que, mais do que em qualquer outro momento, é preciso redobrar a atenção e denunciar casos suspeitos de violência a autoridades.
Somente em 2019, foram 689 casos de meninos e meninas vítimas de maus-tratos e violência. A maior parte deles – 73,8% – aconteceu no ambiente doméstico e 457 registros foram de violência sexual. As meninas foram as vítimas mais frequentes – 66,7% dos atendimentos – e, em 65,9% do total de casos atendidos, os pacientes estavam na Primeira Infância; ou seja, tinham até seis anos de idade.
A psicóloga Daniela Prestes, uma das responsáveis pelo atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência do Hospital, explica que até os sete anos de idade os meninos e meninas não entendem ao certo os sentidos figurados, estão exercitando essa linguagem. “Por isso, devemos desmistificar a ideia de que o agressor é um monstro. Por vezes, a dificuldade da denúncia está atrelada a isso. Como um tio querido por toda a família é um monstro? Como o padrasto tão carinhoso com a mãe é um monstro? O primo que promove os churrascos familiares pode ser um monstro?”, ressalta.
Segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho do Paraná, o número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes recebidas pelo telefone 181 (Disque-Denúncia estadual) cresceu 12% no período de janeiro a abril de 2020, se comparado ao mesmo período de 2019. De janeiro até o dia 20 de abril de 2020, o Pequeno Príncipe registrou 171 pacientes atendidos vítimas de negligência, violências sexual, física e psicológica, por exemplo. A principal preocupação, entretanto, é que com o isolamento social, o número de casos atendidos diminuiu. Com uma média mensal de 60 registros, o Hospital atendeu metade disso no mês de abril. Além disso, as situações registradas apresentaram quadro de gravidade maior.
Em casos suspeitos, denuncie!
Para garantir a segurança dos meninos e meninas, a denúncia de casos suspeitos de violência é fundamental, pois é um gesto que pode salvar vidas. Há vários canais que recebem essas denúncias, sendo que os relatos podem ser feitos, inclusive, de forma anônima. Em Curitiba, a prefeitura da cidade disponibiliza o serviço telefônico 156. Há também o Disque-Denúncia estadual, pelo número 181, e o Disque-Denúncia nacional, pelo Disque 100. A ligação é gratuita. “Muita gente acha que os pais são ‘donos’ da criança. Mas isso não é verdade. É responsabilidade de toda a sociedade proteger essas crianças e adolescentes”, lembra Daniela.
Com informações do Hospital Pequeno Príncipe