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Médicos esclarecem dúvidas sobre o diagnóstico da hanseníase em podcast da SBD

Todos os anos, o Brasil registra quase 30 mil casos novos de hanseníase, mas mesmo assim a doença ainda é pouco falada. Quer entender por que isso ocorre e o que é esse problema de saúde pública? Então, confira o novo episódio do canal de podcasts Palavra de Dermato, veiculado recentemente. Em linguagem acessível, especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) – que montou essa plataforma para esclarecer a população sobre diferentes doenças de pele – abordam as formas de contaminação, os sinais de alerta e o que fazer em caso de suspeita da enfermidade, entre outros tópicos.

O bate papo informal conta com a participação da coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD, Sandra Durães, e do vice-presidente da SBD, Heitor de Sá Gonçalves. Conforme eles explicam, a hanseníase está entre as doenças que acometem, em geral, as populações negligenciadas. Questões como saneamento, escolaridade e renda estão diretamente ligadas a esse problema de saúde. No Brasil, as regiões Norte e Centro-Oeste apresentam maior número de casos, seguidas pelas regiões Nordeste, Sudeste e Sul.

Sobre a hanseníase

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa transmitida por uma bactéria, o Mycobacterium leprae. O contágio ocorre quando uma pessoa infectada respira muito próximo de outra; ou seja, a transmissão se dá pelo contato com gotículas que ficam suspensas no ar. Outro ponto enfatizado pelos especialistas é que a doença não leva à morte, mas tem alto potencial de causar incapacidades físicas e deformidades. Além disso, suscita preconceito, inclusive por parte de familiares. Por isso, com o programa, a intenção é ajudar a desfazer mitos e boatos sobre a enfermidade que confundem a população.

De acordo com os especialistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o Mycobacterium leprae possui afinidade pelos nervos periféricos e pela pele. Estudos mostram que o período de incubação da doença (tempo entre infecção e surgimento de manifestações clínicas) é longo, podendo chegar a sete anos ou mais.

Além disso, as manifestações clínicas variam muito, conforme a resistência imunológica do paciente frente à doença e o tempo de sua evolução. Entre os sinais e sintomas, podem aparecer manchas brancas ou avermelhadas na pele; congestão nasal; dormência; e dificuldade em perceber variações térmicas pelo contato com a pele, por exemplo.

Durante o programa, a coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD deu várias orientações sobre a doença. “Se uma pessoa suspeitar de hanseníase, ela deve dirigir-se à unidade de saúde para fazer um exame dermatoneurológico”, disse Sandra. Pela percepção da especialista, o diagnóstico pode ser confirmado, na maior parte das vezes, por meio do exame clínico. Porém, em alguns casos, são necessários exames complementares, como a baciloscopia e a biópsia da pele.

Tratamento

Com a evolução do conhecimento e das tecnologias, surgiram novas opções de tratamento para a hanseníase. Atualmente, há um esquema baseado na administração de antibióticos, chamado de poliquimioterapia, que é eficaz e apresenta condições de interromper o ciclo de transmissão da doença em mais de 95% dos casos. Ou seja, a hanseníase se tornou uma doença curável.

Após o diagnóstico e a orientação do dermatologista, o paciente positivado começa a tomar as doses dos medicamentos prescritos de forma gratuita em unidades de saúde via Sistema Único de Saúde (SUS), sempre na presença de médico ou enfermeiro, associada a doses autoadministradas diárias no domicílio do paciente. A medicação é geralmente tolerada, com poucos efeitos colaterais descritos, que são monitorados nas consultas mensais e, se necessário, com auxílio laboratorial.

Cuidados

Para finalizar, os participantes do podcast Palavra de Dermato abordam a dinâmica em torno das orientações dadas às pessoas que tiveram contato com o paciente com hanseníase. Conforme os dermatologistas da Sociedade Brasileira de Dermatologia explicam, não é necessária qualquer medida higiênica ou de isolamento domiciliar, como separação de talheres e mudança de quarto, por exemplo. Eles lembram que estudos comprovam que, após a primeira dose supervisionada dos medicamentos utilizados no tratamento, a chance de contágio diminui de forma considerável.

No entanto, orientam que o contato com os pacientes deve ocorrer após o exame. É preciso comparecer a uma unidade de saúde para realizar exame dermatoneurológico e verificar a presença de algum sinal da enfermidade. Neste processo, ainda vale destacar que pessoas encaminhadas ao tratamento precisam tomar a vacina BCG.

Podcast

O Palavra de Dermato é o canal de podcasts da SBD voltado à população. Todas as sextas-feiras tem episódio novo no ar. Os programas apresentam o cotidiano das pessoas e os esclarecimentos e respostas para dúvidas sobre doenças de pele, sempre com base científica. O projeto conta com o apoio institucional da Vichy, da Skinceuticals, da La Roche Posay e da Cerave.

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia