Em mais um ano, a Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR) foi o espaço que agregou histórias de vida emocionantes. Um passado compartilhado com a nova geração que se orgulha da força de seus tios, primos, avós… ou heróis que, na época, foram afastados de seus familiares que tinham hanseníase.
Os olhos marejados foram os sentimentos mais recorrentes nesse domingo, dia 10. O tradicional almoço de confraternização contou com a presença de cerca de 150 pessoas, que viveram ou vivem hoje, a partir da narração das histórias de seus familiares, a luta contra o preconceito e para a disseminação de informações sobre a doença.
Mas o passeio com os ex-moradores do antigo Educandário Curitiba e suas famílias restaurou a alegria de vida e as boas lembranças dessas pessoas, que, com força, modificaram os rumos de suas vidas. “Na época, com dois anos, eu era filha de ‘leprosos’, renegada pela sociedade, vamos dizer assim. Hoje, sou mulher, mãe, sou avó e sou muito feliz. Também fui feliz aqui. Fiz amizades, irmãs. Ganhei até uma mãe”, contou Maria Aparecida Vieira Pinheiro, enquanto abraçava Lázara Messias da Luz, a amiga que, alguns anos mais velha, cuidou de Cida como filha.
Lembranças
Durante o breve passeio guiado que antecedeu o almoço, os presentes relembraram histórias, contaram o que mudou e o que vivenciaram na infância e adolescência. De desconhecidas, as crianças que ali viviam construíam uma família. “Muitos de nós ainda temos contato. Trocamos mensagens, conhecemos os filhos uns dos outros. Vivemos uma parte muito importante da nossa história aqui. Eu vivi neste local os melhores nove anos da minha infância e é gratificante poder retornar. Esse reencontro é muito importante para a gente. Esse é o evento mais esperado do ano”, afirmou, feliz, Marceli Jussara de Araújo.
No passeio em que as recordações estavam presentes, as ilustres visitas também puderam conhecer e saber quais projetos são desenvolvidos atualmente na Associação Eunice Weaver do Paraná, bem como as iniciativas de uma de suas instituições parceiras, o Hospital Pequeno Príncipe. “É com alegria que recebemos vocês especialmente, porque também queremos compartilhar as boas coisas que ocorrem aqui, na antiga casa de vocês. O Pequeno Príncipe mantém diversas atividades para crianças e suas famílias. É uma extensão do tratamento hospitalar. Temos, por exemplo, o Utoppia, que atende aproximadamente 80 meninos e meninas com transtorno ou deficiência mental, intelectual, múltipla e de autismo. É um trabalho multidisciplinar de excelência e queremos dividir a alegria desses bons resultados com vocês”, apontou a assessora da diretoria do Hospital, Thelma Alves de Oliveira.
Logo após a deliciosa feijoada e a sobremesa – o merecido sorvete que alegrou a tarde ensolarada –, as famílias e crianças receberam panetones, camisetas e brinquedos. Presentes de Natal e desejos de um iluminado novo ano que fizeram com que a felicidade transparecesse nos sorrisos e no compartilhar de histórias. “A vida é feita de momentos e de como a gente se entrega a eles. Eu vejo aqui muito mais do que uma comunidade – é uma família. E isso é muito bonito. Sou grata por poder fazer parte de tudo isso”, agradeceu a ex-presidente da AEW-PR, Ety Cristina Forte Carneiro, que representou a atual presidente, Carolina Balaroti, no evento.