Apesar do Paraná registrar queda no número de casos de hanseníase, a doença ainda enfrenta muito preconceito e a maioria dos casos é diagnosticada já em estágio avançado. Para reverter este quadro, o Governo do Estado lançou nesta sexta-feira (24) uma campanha que chama a atenção para os primeiros sinais de alerta da Hanseníase.
Para o secretário estadual da Saúde em exercício, René Santos, dar acesso à informação é a principal maneira de enfrentar o estigma que existe entorno da doença e ainda contribui para melhorar os índices de diagnóstico precoce. “É preciso conscientizar tanto a população quanto os profissionais de saúde. A Hanseníase é uma doença que não escolhe faixa etária ou classe social, por isso todos devem estar atentos aos sintomas”, explicou o secretário durante evento comemorativo do Dia Estadual de Conscientização sobre a Hanseníase.
O preconceito contra a Hanseníase vem do passado, quando a doença ainda era chamada de lepra. Ela se manifesta através de manchas esbranquiçadas e avermelhadas que afetam a sensibilidade da pele. “Qualquer tipo de mancha dormente deve ser suspeita de hanseníase. Nesse caso, é importante que a pessoa vá a uma unidade de saúde para uma consulta”, alertou o secretário.
Antigamente, as pessoas acometidas pela Hanseníase eram isoladas da sociedade e ficavam internadas em hospitais colônia. De acordo com Francisca Barros da Silva, que já teve Hanseníase, o modo como a doença era tratada causava sérios prejuízos sociais ao paciente. “As pessoas perdiam o contato com a família e eram totalmente excluídas da sociedade”, destaca.
Hoje isso mudou, a Hanseníase tem cura, o tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS e pode ser realizado em casa, com o apoio da família. O tratamento dura entre seis meses e um ano e, após iniciado, possibilita que o paciente tenha uma vida normal. Isso ocorre pois os medicamentos bloqueiam o poder de transmissão do bacilo causador da doença.
NÚMEROS – Somente no ano passado, 991 pessoas foram diagnosticadas com Hanseníase no Paraná. O número é 27% menor do que o registrado em 2007. Além da redução, o governo estadual conseguiu avançar na organização da rede de atenção integral ao paciente com Hanseníase no Paraná. Hoje o Estado garante atendimento durante todas as fases do tratamento, incluindo a reabilitação dos pacientes que apresentam sequelas em decorrência da doença.
Esta etapa do tratamento é realizada desde o ano passado no Paraná, com a retomada das cirurgias reabilitativas da Hanseníase. O bacilo da doença afeta os nervos periféricos da pessoa e pode causar deformidades em pés e mãos.
Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, Nivera Stremel, as cirurgias reabilitativas melhoram a qualidade de vida dos pacientes, pois podem recuperar a autonomia funcional dos membros. “São procedimentos que não eram feitos no Paraná há mais de 10 anos. Muitos pacientes puderam voltar a trabalhar após a recuperação”, afirma.
Desde maio de 2012, 58 pessoas passaram pela cirurgia e agora complementam o tratamento com sessões de fisioterapia em seus municípios de residência.