A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) e a Associação Médica Brasileira (AMB) certificaram em novembro 35 médicos para atuação na área de Hansenologia. Atualmente, o país conta com cerca de 200 hansenologistas. O exame para obtenção do certificado foi realizado no dia 10 deste mês, em Belém, no Pará, onde ocorreu o 14º Congresso Brasileiro de Hansenologia, evento que reuniu especialistas do Brasil e de outros países para debater o tema.
O número atual de hansenologistas ainda é considerado insuficiente para reverter o atual cenário em relação à hanseníase – o Brasil é o segundo país com mais casos da doença, atrás apenas da Índia. “Porém, este é o maior contingente de profissionais interessados em atuar na especialidade no histórico de exames realizados e, por isso, motivo de comemoração por parte da comunidade médica. Pois a hanseníase é uma doença de difícil diagnóstico e é fundamental contarmos com profissionais preparados”, explica o presidente da SBH, Marco Andrey Cipriani Frade.
O exame é realizado a cada três anos, assim como o Congresso Brasileiro de Hansenologia. Porém, em comemoração aos 70 anos da Sociedade, a 15ª edição do evento será promovida em 2018, em Palmas, no Tocantins. Na ocasião, também ocorrerá um novo exame para certificação de médicos hansenologistas.
Podem pleitear a certificação profissionais das seguintes áreas – e que tenham título de especialista pelas respectivas sociedades: Neurologia, Dermatologia, Medicina Preventiva Social e Administração em Saúde, Medicina da Família e Comunidade, Clínica Médica e Infectologia.
Treinamentos e capacitações
A Sociedade Brasileira de Hansenologia promove gratuitamente capacitações e treinamentos teóricos e práticos para profissionais de saúde em todo o país, especialmente em áreas de alta endemicidade. Médicos, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais e agentes comunitários de saúde participam das ações.
“É preciso que o assunto hanseníase volte a ser tratado nas salas de aula e que as universidades também preparem profissionais de saúde para diagnosticarem e tratarem o paciente com a doença”, ressalta o presidente da entidade. Ele alerta que um dos grandes trabalhos dos novos hansenologistas será, também, educar a população contra o preconceito. “Hanseníase tem tratamento gratuito em todo o Brasil e cura, mas o preconceito tem dificultado a luta contra a doença. É possível erradicar a enfermidade, mas é necessário falar sobre ela, pois só o conceito destrói o preconceito”, finaliza Frade.