Doença transmissível e de caráter crônico, a hanseníase é um problema de saúde pública que ainda gera estigmas e discriminação devido ao desconhecimento. Com objetivo de chamar a atenção da população para o tema, o Ministério da Saúde apresentou recentemente uma série de ações que tiveram início no Janeiro Roxo, mês escolhido para levar informações sobre a doença à sociedade e desmistificar a enfermidade.
No Sistema Único de Saúde (SUS), o diagnóstico e o tratamento são oferecidos de forma integral e gratuita e, neste ano, contam com um reforço inédito: a inclusão de novos testes laboratoriais complementares ao diagnóstico da hanseníase, entre eles um teste rápido. Com essas incorporações, o Brasil será o primeiro país do mundo a ofertar em nível assistencial, de forma universal e no sistema público de saúde, um teste rápido para apoiar o diagnóstico, que ainda é essencialmente clínico, baseado na avaliação minuciosa do paciente, especialmente de pele e nervos periféricos.
A novidade foi anunciada durante evento que contou com a participação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. “O teste rápido para o diagnóstico é uma grande conquista, porque temos um sistema de saúde de acesso universal muito abrangente. O Brasil será o primeiro país do mundo a incorporar esses exames e oferecê-los gratuitamente para a nossa população. Que nós possamos fazer o diagnóstico clínico, confirmar por meio dos exames sorológicos e, por meio de uma terapia adequada, fazer com que os pacientes sejam curados”, destacou o ministro.
Em 2022, o Ministério da Saúde deve investir cerca de R$ 3,7 milhões para essas novas testagens. O GenoType LepraeDR e o NAT Hanseníase, por serem testes de biologia molecular e requererem uma estrutura laboratorial mais avançada, deverão ser ofertados nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), inicialmente em dez estados até o final de 2022. O objetivo é alcançar as 27 unidades federativas até o final de 2023. Já o teste rápido imunocromatográfico será ofertado nas unidades básicas de saúde (UBSs).
A hanseníase no Brasil
De 2016 a 2020, foram diagnosticados 155,3 mil casos novos de hanseníase no Brasil. Desses, 86,2 mil ocorreram no sexo masculino, o que corresponde a 55,5% do total. No mesmo período, foram 19,9 mil casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física – o mais grave. Em alguns casos, o paciente é encaminhado para serviços de referência para confirmação diagnóstica e, quando necessário, para acompanhamento.
Para evitar agravamento e sequelas, é fundamental iniciar o tratamento o mais rápido possível. Isso porque a doença atinge pessoas de ambos os sexos e de todas as faixas etárias, podendo apresentar evolução lenta e progressiva e, quando não tratada, pode causar deformidades e incapacidades físicas.
Sobre a hanseníase
Causada pela bactéria Mycobacterium leprae, a hanseníase acomete principalmente os nervos periféricos e a pele, podendo causar incapacidades físicas, principalmente nas mãos, nos pés e nos olhos. Embora curável, ainda permanece endêmica em várias regiões do mundo, sobretudo no Brasil, na Índia e na Indonésia. Os sinais e sintomas mais frequentes são: dormência, formigamento e diminuição de força nas mãos, nos pés ou nas pálpebras, e manchas brancas ou avermelhadas com diminuição ou perda da sensação de calor, de dor ou do tato. A pessoa com algum desses sintomas deve, o quanto antes, buscar atendimento na unidade de saúde mais próxima.
A hanseníase está na agenda sanitária internacional, contemplada no 3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como meta combater as epidemias de doenças transmissíveis e tropicais negligenciadas até 2030.
A Estratégia Global de Hanseníase de 2021 a 2030 traz uma mudança significativa na abordagem ao enfrentamento da doença no mundo. A nova estratégia centraliza esforços para a interrupção da transmissão e a eliminação dos casos autóctones, cujo objetivo em longo prazo é o conceito de zero hanseníase: zero infecção e doença, zero incapacidade, zero estigma e discriminação.
No Brasil, a Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022 traz a visão de um Brasil sem hanseníase, e tem como objetivo geral reduzir a carga da doença no país até o fim de 2022. Para reduzir a carga da enfermidade são imprescindíveis a vigilância e o exame dos comunicantes dos casos da doença. Além disso, os profissionais de saúde devem fazer a busca ativa para diagnosticar e tratar casos novos.
Fonte: Ministério da Saúde