Belém, capital do Pará, vai receber, de 8 a 11 de novembro, a 14ª edição do Congresso Brasileiro de Hansenologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH). Na ocasião, a entidade – que completa 70 anos de fundação em 2018 –, lançará um desafio aos profissionais de saúde: de somar esforços no intuito de ampliar o diagnóstico de hanseníase em todo o território nacional.
O congresso será realizado no Centro de Convenções Hangar e vai reunir renomados especialistas brasileiros no assunto, além de palestrantes de outros países. Como nos eventos anteriores, haverá, também, um curso direcionado a agentes comunitários de saúde. “São profissionais que vivenciam a rotina das famílias em todo o país e têm feito um importante trabalho na batalha contra a doença”, ressalta o presidente da Sociedade, Andrey Cipriani Frade.
Serão promovidos, ainda, cursos sobre diagnóstico e cuidados de feridas. Essas atividades serão voltadas a médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e demais profissionais que atuam no atendimento a pacientes afetados pela hanseníase. As feridas são consideradas um problema de saúde pública no país, e o diagnóstico correto de cada tipo delas é fundamental para o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes.
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Cenário da hanseníase
O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase notificados, atrás, apenas, da Índia. Porém, a doença é subnotificada. Pará, Mato Grosso, Maranhão, Roraima, Mato Grosso do Sul e Tocantins são os Estados com os índices mais altos da enfermidade e são consideradas regiões hiperendêmicas, com mais de 40 casos a cada 10 mil habitantes.
A prevalência da hanseníase no território nacional é de 1,01 a cada 10 mil pessoas. Porém, a SBH alerta que trabalhos atestam uma subnotificação de casos no Brasil. Ou seja, haveria uma endemia oculta e sua incidência poderia chegar a ser três vezes maior do que a registrada. Em 2014, o Brasil foi responsável por 90,8% das notificações de hanseníase nas Américas e diagnosticou mais de 31 mil casos novas notificações.
Casos em crianças
O número de meninos e meninas com menos de 15 anos que são diagnosticados com hanseníase no país também é alto. Isso indica que o contato da criança com o bacilo que provoca a doença aconteceu quando ela ainda era muito nova, provavelmente nos ambientes familiar ou escolar. Isso porque a enfermidade leva de cinco a dez anos para se manifestar. Entre 2004 e 2014, a média de casos de hanseníase em crianças foi de 2.915, o que representa, aproximadamente, 7,6% das notificações verificadas ao ano.
Controle e diagnóstico
A hanseníase é uma doença incapacitante que acomete os nervos periféricos. A transmissão principal se dá de uma pessoa doente para uma saudável. A enfermidade não é fácil de ser diagnosticada e os exames existentes são capazes de detectar a bactéria em apenas 50% dos casos. A outra metade apresenta sinais e sintomas que dependem de treinamento profissional para serem identificados e tratados. O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno são essenciais para evitar incapacidades.
Os sinais e sintomas de hanseníase mais comuns são áreas ou manchas na pele, com alteração da sensibilidade ao tato, ao calor e à dor; ausência de pelos e de suor; e perda de força nos membros e nos olhos. É importante ressaltar que a doença tem cura e o tratamento é oferecido de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O combate ao preconceito, que ainda acomete as pessoas com a enfermidade, também é essencial para o controle da hanseníase.