A Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW PR) promove a pesquisa científica e o atendimento médico, educacional e social a crianças e adolescentes, com prioridade aos filhos sadios de hansenianos.
História da Associação
Em 26 de outubro de 1941, em Curitiba, liderados pela Eunice Weaver e com apoio do Interventor Manuel Ribas foi fundada a Sociedade de Defesa contra a Lepra. O decreto de criação cedeu por doação um terreno de 199 000 m² situado na antiga Colônia Argelina no Bairro Bacacheri destinado à construção de um preventório para filhos sadios de hansenianos.
Liderada por senhoras da sociedade, iniciou-se a campanha “Boa Vontade” , que por meio de contribuição populares arrecada recursos para a construção do preventório. Em 1943 é inaugurado o Educandário Curitiba.
Em homenagem justa a quem mais lutou pela causa dos hansenianos no Brasil, em 27 de agosto de 1970, a entidade passa a se chamar Sociedade Eunice Weaver.
Ainda na década de 70, com o apoio do governador Jaime Canet Junior, o educandário sofreu reformas. Posteriormente o Instituto de Apoio ao Menor por convênio assumiu sua gestão.
No final dos anos 80, com as mudanças nas políticas públicas de assistência a crianças e adolescentes, o Educandário foi desativado por vontade do Governo do Estado.
Diante do novo cenário a associação foi restruturada. Mantendo-se fiel a sua missão a AEW PR passou a atender as novas demandas da sociedade formalizando parcerias com instituições de assistências, proteção e formação de crianças e jovens em situação de risco em cumprimento de suas finalidades.
Em 1986 o comodato firmado com a UPAE (União de Profissionais para Atendimento do Excepcional), mantenedora da Escola Menino Jesus, possibilitou a instalação da escola que garante educação profissional para jovens com deficiência intelectual no prédio do antigo Grupo Escolar Mercedes Seiler Rocha parte do complexo do antigo educandário. Atualmente a Escola Menino Jesus atende 190 alunos, em dois turnos – manhã e tarde, com idade a partir de 17 anos, portadores de deficiência intelectual leve e moderada, na sua maioria carente, oriunda dos mais diversos bairros de Curitiba e região metropolitana.
Ainda no ano de 1986 a sede do Grupo de Escoteiros Jorge Frassati instalou-se em pavilhão desocupado de propriedade da associação. A principal característica do Grupo de Escoteiros Jorge Frassati é o envolvimento da família no Movimento Escoteiro e nas atividades do Grupo. O Escotismo é uma complementação na educação de crianças e jovens que visa desenvolver os princípios da cidadania, a formação do cidadão, a ética, e a vida pela observação e respeito à natureza, pelo trabalho em equipe e pela vida ao ar livre. As atividades encorajam a criança e o jovem o a assumir seu próprio desenvolvimento, por meio da fraternidade, altruísmo, responsabilidade, lealdade, respeito e disciplina.
A Fundação Ecumênica de Proteção ao Excepcional (FEPE) em 1999 passa a oferecer atendimento especializado, formação profissional e integração social para crianças e jovens com deficiências associadas graves na edificação do antigo educandário por força de contrato de comodato firmado com AEW PR. A FEPE é uma organização social sem fins lucrativos cuja missão é realizar pesquisa, prevenção e diagnóstico nas áreas de educação, de saúde e a inclusão da pessoa com deficiência. A instituição foi reconhecida, em 2006, pelo Prêmio Bem Eficiente, como uma das 50 melhores entidades filantrópicas brasileiras.
Em 2003 a antiga Sociedade Eunice Weaver passa denominar-se Associação Eunice Weaver do Paraná em adequação ao novo Código Civil de 2002. O escopo da organização também foi ampliado, destinando-se ao atendimento médico, educacional e social de crianças e adolescentes de ambos os sexos, em especial aos doentes, em situação de risco ou deficientes, através do atendimento profissionalizante, psicológico, assistencial, educacional, material e outras atividades afins, bem como promover e apoiar pesquisas científicas, com prioridade aos filhos sadios de hansenianos.
A Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra
A ideia da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra surgiu em São Paulo, em 1933, quando se pensou em federar oito sociedades já existentes, nos moldes da Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra das quais a primeira fora fundada na Capital Paulista, em 1929, por Alice Tibiriçá.
Outras associações, com as mesmas finalidades, existentes nos Estados, ligaram-se direta ou indiretamente a essa Federação, passando a maioria delas a denominação uniforme de “Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra” e, sob o influencia da Federação, novas sociedades homônimas foram fundadas em muitos municípios brasileiros. O evento teve enorme repercussão e contou com participantes de quase todas as unidades federativas, inclusive muitos médicos e membros de institutos de pesquisa.
Ainda sob a coordenação de Alice Tibiriçá, realizou-se a Conferência para a Uniformização da Campanha contra a lepra no Rio de Janeiro, entre 24 de setembro e 2 de outubro de 1933.
A Federação seguiu, a princípio, os ideais autônomos de ação preconizados por Alice Tibiriçá, mas gradativamente se alinhou com o modelo de saúde varguista, implementado de forma mais sistemática após a posse de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1934. Eleita presidente da Federação, em 1935, Eunice Weaver desempenharia papel preponderante nessa nova fase de relações mais estreitas com o governo federal.
A Federação, no intuito de orientar as atividades das Sociedades existentes coordenando-as para a execução de um programa nacional, dirigiu seus esforços, para a criação de preventórios, destinados ao abrigo de filhos de hansenianos.
Para esse fim, a Federação realizou grandes campanhas financeiras. Relatos da época mencionam que em 1938, haviam sido apurados mais de 3 mil contos, e em 1942, esta soma elevava-se a 5 mil contos, havendo o Governo Federal contribuído com soma quase equivalente.
De 1935 a 1937, a Federação realizou essa campanha nos Estados do Norte, no intuito de construir preventórios em Pernambuco, Paraíba e Espírito Santo.
Em 1938, a Federação, de acordo com as sociedades locais, promoveu duas grandes campanhas, uma no Rio Grande do Sul e outra no Rio de Janeiro.
Em 1940, campanhas idênticas foram realizadas, pelas sociedades locais, em Mato Grosso e Paraná.
Em 1941, foi a vez de Piauí, Alagoas e Goiás.
Na execução dessas campanhas, as senhoras da Federação percorriam numerosas cidades, procurando despertar a consciência do povo realizando conferências, ou por meio do rádio, folhetos, imprensa, etc., sempre com o propósito de angariar fundos para o completo desempenho de suas finalidades.
Por toda parte, iam ilustres senhoras da sociedade, conseguindo entusiásticas adesões, tanto moral, como financeira. E o fruto dessas atividades, traduziu-se em inúmeros preventórios edificados em quase todos os Estados. Em 1950 achavam-se abrigadas nos preventórios cerca de 1.500 crianças.
Extraído de SANTOS, V. Entidades Filantrópicas e Políticas Públicas no Combate à Lepra: Ministério Gustavo Capanema (1934-1945)