Com mais de 90% dos casos novos de hanseníase da América Latina, o Brasil faz parte da lista de 23 países prioritários no combate à doença. A condição integra as chamadas doenças tropicais negligenciadas (DTNs) – causadas por agentes infecciosos ou parasitas – um desafio para o Ministério da Saúde, que desenvolve estratégias de enfrentamento com o objetivo de eliminar tais enfermidades.
Por afetarem, principalmente, as populações mais vulneráveis, em termos de indicadores sanitários, o Ministério da Saúde estima que as DTNs ameacem mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo, justamente as que vivem nas comunidades mais pobres e marginalizadas. Doenças que cegam, incapacitam e desfiguram, atingindo não apenas a saúde física e mental, como também as chances de convívio social.
Para reforçar a importância da participação comunitária na redução dos focos de contaminação e dos índices de transmissão das principais doenças tropicais negligenciadas existentes em território brasileiro, a pasta dedicada à gestão da saúde no país, juntamente com estados e municípios, realiza ações de prevenção e controle. Projetos de capacitação com profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e estratégias de busca ativa de casos suspeitos nas comunidades estão entre as estratégias adotadas, assim como a atualização dos sistemas de informação sobre as doenças.
Conheça outras DTNs
Entre as principais doenças tropicais negligenciadas que ocorrem no Brasil estão: hanseníase, febre chikungunya, esquistossomose, filariose linfática, geo-helmintíases, oncocercose, tracoma, doença de Chagas, leishmaniose, raiva, hidatidose, escabiose (sarna), micetoma e cromoblastomicose. As regiões Norte e Nordeste do país concentram a maior parte delas, no entanto, algumas estão presentes em todos os estados brasileiros, como é o caso da leishmaniose e da hanseníase.
Em 2021, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), cerca de 20 DTNs foram registradas. Juntas, elas causam entre 500 mil e 1 milhão de óbitos anualmente. Doenças parasitárias, zoonoses como a leishmaniose visceral e a raiva, atingem humanos e animais e são encontradas com certa frequência na América do Sul.
Para algumas DTNs, como é o caso da raiva, foi desenvolvido o Programa Nacional de Profilaxia da Raiva (PNPR), que implantou, entre outras ações, a vacinação antirrábica canina e felina em todo o território nacional. No Brasil, nos últimos dez anos, foram registradas 45 ocorrências.
Para o combate à hanseníase, o Ministério da Saúde desenvolveu a Estratégia Nacional para Enfrentamento da Hanseníase, que norteia estados e municípios para as ações de enfrentamento à doença.
Campanha anual
O Dia de Luta contra as Doenças Tropicais Negligenciadas foi criado em 2019, por uma resolução da Assembleia Mundial da Saúde, e é lembrado anualmente em 30 de janeiro. A data convoca a todos – especialmente líderes e comunidades – a se unirem para enfrentar as desigualdades que causam tais enfermidades.
Em 2023, a campanha traz o tema “Act Now. Act Together. Invest in Neglected Tropical Diseases”, que, em português, significa “Aja agora. Aja junto. Invista nas doenças tropicais negligenciadas”. A ideia é buscar o fortalecimento das intervenções e a promoção dos serviços de saúde equitativos para todos.
O roteiro proposto pela OMS para 2021-2030, apresentado e aprovado pela 73.ª Assembleia Mundial da Saúde, define metas globais e marcos para prevenir, controlar, eliminar ou erradicar 20 doenças, ou grupos de doenças tropicais negligenciadas. O objetivo consiste em, até 2030, acabar com as epidemias de Aids, tuberculose, malária e DTNs, além de combater a hepatite, doenças transmitidas pela água e outras doenças transmissíveis.
Fonte: Ministério da Saúde