A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) assinou recentemente o termo de cooperação para atuar em parceria com outras seis entidades na campanha global Não Esqueça da Hanseníase, idealizada por Yohei Sasakawa, embaixador da Boa Vontade da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Eliminação da Hanseníase. O acordo conta com a adesão do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Carlos Chagas, da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (COSEMS-RJ) e da Rede Universitária de Combate à Hanseníase (ReúnaHans/RJ).
“Ficamos honrados e contentes de podermos apoiar uma iniciativa como essa. O compromisso para diminuir os casos de hanseníase e melhorar a qualidade de vida dos pacientes é um dever de todos, mas tem nos dermatologistas peças fundamentais. Nesse sentido, a SBD tem atuado na capacitação desses especialistas e de outros profissionais de saúde para ajudar na prevenção, no diagnóstico e no tratamento dessa doença”, ressaltou o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Mauro Enokihara.
Presença
A solenidade de assinatura do acordo foi realizada presencialmente na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro, e contou com a presença da coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD, Sandra Maria Barbosa Durães; do coordenador Nacional do Morhan e conselheiro nacional de saúde, Artur Custódio; da presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima; da vice-presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, Maria Augusta Monteiro; do subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde (SUBVAPS), Mario Sérgio Ribeiro; do presidente do Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Chagas, Ricardo Cavalcanti Ribeiro; e da vice-coordenadora da ReúnaHans RJ, Daisy Almeida Bastos. Também participou a Miss Brasil Mundo CNB 2021, Carolina Teixeira, que é embaixadora da causa pela eliminação da hanseníase.
Para Sandra Durães, o Brasil ainda sofre com o desconhecimento sobre a hanseníase, o que reforça o estigma contra as pessoas que vivem com a doença. “O preconceito é um fator importante ainda em nossa sociedade. Por isso, ações que visam produzir conhecimento e difundir informações para toda a população são primordiais. O tratamento para a hanseníase é acessível e eficaz, no entanto, ainda há um alto índice de prevalência da enfermidade. Precisamos tirar a hanseníase do rol de doenças negligenciadas, o que depende da mobilização de todos”, disse.
Sobre a campanha
Com a assinatura do termo, as entidades se comprometem a promover a conscientização sobre a hanseníase e a combater a discriminação sofrida pelas pessoas afetadas pela doença. O esforço se enquadra no mote da campanha global do embaixador da Boa Vontade da OMS: Não Esqueça da Hanseníase (“Don’t Forget Hansen’s Disease”, mote oficial em inglês), que tem como meta levar os governos, os profissionais de saúde e a população em geral a não ignorarem a doença em meio à pandemia da COVID-19. No Brasil, a contaminação pelo coronavírus já apresenta consequências preocupantes deste cenário: o diagnóstico de casos novos da doença no país foi reduzido à metade entre 2019 e 2020, segundo dados do Boletim do Ministério da Saúde (clique aqui para acessar o documento).
O estado do Rio de Janeiro, por exemplo, seguiu a tendência e apresentou uma redução de 38% na identificação de casos novos, passando de 931, em 2019, para 579, em 2020. Estes casos não notificados nesse período correm risco de desenvolver um quadro de sequelas físicas irreversíveis. O tratamento e o diagnóstico oportunos impedem o desenvolvimento de lesões na pele mais graves e o aparecimento ou a piora de incapacidades físicas, e quebram a cadeia de transmissão, já que os pacientes em tratamento não transmitem a doença. Por isso, mais do que nunca, a conscientização e a mobilização para que os governos e as pessoas não se esqueçam da hanseníase são fundamentais.
Iniciativas
Preocupada com essa situação, a Sociedade Brasileira de Dermatologia já prepara sua tradicional campanha “Janeiro Roxo”, que visa justamente conscientizar a população e mobilizar as entidades públicas e privadas sobre a hanseníase. Além disso, em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), está realizando um grande processo de capacitação de médicos e outros profissionais da Atenção Primária sobre o tema. Com isso, espera-se reforçar a linha de frente para as etapas de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença.
“A SBD tem em seu DNA a luta pelos diretos dos pacientes com hanseníase. Trabalhamos diariamente com eles e sabemos de suas dificuldades. Por isso, temos realizado ações que visam promover o intercâmbio de conhecimento entre especialistas e profissionais de saúde das mais diversas áreas. Isso fortalece o combate a essa doença, que todos os anos registra, em média, 30 mil casos novos no Brasil”, concluiu o vice-presidente da Sociedade, Heitor de Sá Gonçalves.