Uma pesquisa publicada na revista científica Nature mostra que a bactéria Mycobacterium leprae, que causa a hanseníase, foi identificada pela primeira vez em chimpanzés selvagens. A descoberta foi feita em duas populações diferentes dos animais: uma no Cantanhez National Park, na Guiné-Bissau, e outra no Taï National Park, na Costa do Marfim. A doença já havia sido identificada em macacos mantidos em cativeiro, mas essa é a primeira vez que o registro acontece em meio à natureza.
A pesquisa foi liderada por Kimberley J. Hockings, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e, segundo as conclusões do estudo, a maior circulação da doença em animais selvagens pode estar associada ao contato com seres humanos ou por alguma outra razão ainda desconhecida. Na Guiné-Bissau, os chimpanzés afetados pela doença estão em áreas mais próximas de assentamentos humanos, apesar dos animais não serem alvo de caça. Por outro lado, os animais com hanseníase na Costa do Marfim estão em uma área mais isolada, o que reforça a possibilidade de os chimpanzés terem sido infectados por meio do contato com outro animal ou outra fonte no meio ambiente, como carrapatos ou água.
Também é ressaltado no estudo que as cepas encontradas nas duas populações de chimpanzés são diferentes e raras em humanos e outros animais. Além disso, os pesquisadores dizem acreditar que a pesquisa abre uma nova frente para a compreensão da transmissão da doença em países onde a enfermidade é endêmica. Embora os seres humanos sejam considerados os principais hospedeiros da bactéria que causa a hanseníase, a doença eventualmente é detectada em tatus e esquilos.
Com informações do portal de notícias G1