Como parte das ações que marcam o Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, celebrado no dia 27 de janeiro, o Ministério da Saúde anuncia diversas medidas, em curso, que objetivam desde a prevenção e a eliminação da doença como problema de saúde pública, com também a qualidade de vida desta população. Entre as ações está a expansão do Programa Viver Sem Limite – com a ampliará da oferta de serviços de reabilitação e concessão de órteses e próteses à pessoa com hanseníase -; o lançamento de uma campanha para o diagnóstico precoce a 9,3 milhões de estudantes da rede publica e, ainda, a construção de novos polos de academia da saúde nos municípios em que se localizam as ex-colônias.
Entre as ações também está o anúncio de R$ 1,6 milhão de investimentos na aquisição de novos equipamentos para prevenção de incapacidades e procedimentos de reabilitação nos Centros de Prevenção de Incapacidade e Reabilitação dos estados prioritários. A iniciativa beneficiará 130 mil pessoas que moram em antigos hospitais-colônia. Essa população também será beneficiada com o Programa Academias da Saúde, com a priorização, pelo Ministério da Saúde, dos pedidos de construção de novos polos, realizados pelas prefeituras das 32 cidades onde se localizam as ex-colônias de hanseníase. “Essas academias contribuirão para a melhoria da qualidade de vida desta população, possibilitando a integração com as comunidades e contribuindo para a eliminação do preconceito e do estigma”, avalia o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Segundo ele, se todos os 32 prefeitos solicitarem uma academia de porte médio serão investidos aproximadamente R$ 4,5 milhões.
A expansão do programa Viver Sem Limite ampliará a oferta de serviços de reabilitação e concessão de órteses e próteses à pessoa com hanseníase, no qual será garantido o acesso dessa população aos Centros Especializados de Reabilitação (CER) e às Oficinas Ortopédicas. A medida irá garantir, para quem precisar, vários tipos de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, como serviço de sapataria. A meta do Ministério também é construir 45 novos centros e 19 novas oficinas em todo o país (fixa, itinerante ou fluvial), com investimentos de R$ 300 milhões em 2013.
AVANÇOS – O Brasil vem avançando para eliminar a hanseníase como problema de saúde pública. Um exemplo deste esforço é a melhoria progressiva de todos os indicadores. Levantamento inédito do Ministério da Saúde aponta redução de 61,4% no coeficiente de prevalência (pacientes em tratamento) entre 2001 e 2011, passando de 3,99 por 10 mil habitantes para 1,54. No mesmo período, o número de serviços com pacientes em tratamento de hanseníase cresceu 142%, de 3.895 unidades, em 2001, para 9.445, em 2011.
Apesar desses avanços, ainda existem 254 municípios – localizados, na sua maioria, nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste – que apresentam carga elevada da doença, onde foram registrados 20.090 casos novos.“Para que possamos eliminar a hanseníase no Brasil, é preciso que os novos gestores municipais assumam um compromisso fortede implantar todas as diretrizes do tema, nesse Dia Mundial”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Ele lembra que o Governo Federal distribui medicamento de graça e treina os profissionais. “Se cada município colocar como prioridade a detecção precocemente de todos os casos suspeitos, buscando os contatos, nós vamos reverter à situação atual”, alertou o secretário.
CAMPANHA: Com o objetivo de aumentar o diagnóstico precoce e identificar comunidades em que a hanseníase ainda persiste, o Ministério da Saúde fará uma campanha inédita, entre 18 e 22 de março, para examinar 9,3 milhões de estudantes do ensino público. Com o apoio dos estados e municípios, a meta é identificar os casos novos na faixa etária de 5 a 14 anos, em crianças e adolescentes. São estudantes de 38milescolas, localizadas em 720 municípios prioritários, com alta carga da doença e incluídos no Plano Brasil sem Miséria, do Governo Federal.
A “Campanha Nacional de Hanseníase e Geohelmintiases”, como foi denominada, pretende também reduzir a carga dos geohelmintos (parasitas intestinais conhecidos como lombrigas, que causam anemia, dor abdominal e diarreia), que podem prejudicar o desenvolvimento e o rendimento escolar da criança. Oscasossuspeitos de hanseníase serão encaminhados à rede básica de saúde para confirmação e tratamento. “Se a equipe de saúde identificar uma criança ou adolescente com hanseníase, é porque tem um caso na sua casa ou na comunidade onde ele vive. Certamente este caso ainda não detectado pelo SUS, mas houve a transmissão para o estudante. A campanha ajudará a descobrir comunidades onde ainda há transmissão da doença”, adiantou o secretário Jarbas Barbosa.
A campanha prevê ainda a distribuição de 10 milhões de cartilhas para orientaçãodosprofessorese estudantes, com esclarecimentos gerais sobre a doença. Durante a campanha, os Agentes Comunitários de Saúde eprofissionais da Estratégia de Saúde da Família e Unidades de Saúde Pública visitarão as escolas para diagnosticar e tratar os casos novos, além de buscar os contatos dos casos já diagnosticados, ampliando assim, o acesso à cura.
A hanseníase é transmitida de pessoa para pessoa por quem tem contato muito próximo e prolongado com o doente, dentro do núcleo familiar ou da comunidade em que vive. Geralmente não é transmitida dentro de um ônibus ou num local público. A hanseníase tem cura, mas pode causar incapacidades físicas se o diagnóstico for tardio. O tratamento, gratuito e eficaz, pode durar de seis meses a um ano.
RAIO-X DA DOENÇA: O levantamento do Ministério da Saúde também aponta a redução de 25,9% nos casos novos entre 2001 e 2011, que passaram de 45.874 para 33.955, respectivamente. Apesar dos resultados, existemsete estados que apresentaram, em 2011, coeficiente de prevalência acima de três casos por 10 mil habitantes (MT, TO, MA, PA, RO, GO, MS). A média nacional é de 1,54/10 mil, o que é bem próxima da meta estabelecida pelo Plano de Eliminação da Hanseníase (menos de um caso para cada grupo de 10 mil, até 2015).
Além disso, o SUS trabalha para reduzir em 26,9% o coeficiente de detecção de casos novos em menores de 15 anos, aumentar o percentual de cura (90% dos novos) e examinar 80% dos contatos intradomiciliares dos casos novos de hanseníase.
Segundo o secretário, é fundamental que as pessoas procurem o serviço de saúde ao aparecimento de manchas, de qualquer cor, em qualquer parte do corpo, principalmente se essa mancha apresentar diminuição de sensibilidade ao calor e ao toque. “A hanseníase tem cura e, quando a pessoa começa o tratamento, para de transmitir quase que imediatamente. Não é preciso ter nenhum tipo de preconceito”, destaca Barbosa.
Fonte: Portal Saúde