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Brasil concentra 90% dos casos de hanseníase registrados nas Américas

O Brasil concentra 90% dos casos de hanseníase registrados nas Américas e, somente em 2015, foram verificadas 28.333 novas notificações da doença no país. As informações foram destacadas pela coordenadora de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, a médica especialista em saúde pública Rosa Castália França Ribeiro Soares, durante simpósio sobre a enfermidade realizado no início deste mês no Vaticano, em Roma. Durante o evento – que reuniu 230 especialistas de 45 países –, foi debatida a importância de erradicar os estigmas e preconceitos relacionados à hanseníase. Rosa apresentou, na ocasião, a situação da doença no Brasil, que é o segundo país no mundo com o maior número de novos casos da enfermidade, atrás apenas da Índia.

Segundo ela, o Brasil tem adotado a estratégia de identificar a hanseníase em crianças e, a partir do diagnóstico positivo entre meninos e meninas, buscar casos na família. A médica explicou que quando a doença é verificada em uma criança, significa que ela foi submetida a uma carga de bacilos provavelmente transmitida por um adulto que não está fazendo o tratamento contra a enfermidade.

Para alcançar esse público, o governo federal realiza há mais de três anos uma campanha em escolas. A iniciativa abrange mais da metade dos municípios brasileiros. “Estamos trabalhando estratégias de enfrentamento da hanseníase em conjunto com outras doenças negligenciadas. Isso porque a população que é majoritariamente afetada pela hanseníase é a mesma que também sofre com essas outras enfermidades transmissíveis”, disse. “São moléstias relacionadas às condições de vida e ao acesso aos serviços de saúde qualificados”, completou.

Em 2015, o Brasil teve 2.003 novos casos de hanseníase na faixa etária até os 15 anos de idade. De acordo com Rosa, o índice está dentro da média mundial – de 8% a 10% do total de novas notificações, mas que a estratégia adotada entre as crianças ajuda a quebrar o preconceito e o estigma vinculados à doença. “Quando começamos a informar os meninos e as meninas sobre a enfermidade, criamos o conceito correto sobre a hanseníase e eles têm o poder de influenciar suas famílias”, afirmou. “Por exemplo, reforçamos que o colega que está em tratamento não deve ser excluído e pode frequentar a escola. Falamos, ainda, que os adultos também podem fazer tudo normalmente”, finalizou a médica.


Com informações da Rádio Vaticano