Como parte das ações que marcam o Dia Mundial de Combate à Hanseníase – lembrado em 25 de janeiro –, o Ministério da Saúde lançou uma campanha publicitária para conscientização da população sobre a doença. Com o mote “Hanseníase: quanto antes você descobrir, mais cedo vai se curar”, a ação tem como foco o diagnóstico precoce da doença e a divulgação do tratamento que é ofertado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A enfermidade é considerada endêmica em todo o país, com maior incidência em cinco Estados: Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Goiás. Atualmente, são verificados 1,42 casos por 10 mil habitantes, o que representa uma queda de 68% em dez anos, resultado de um esforço para eliminar a doença no Brasil.
A campanha do governo federal será direcionada aos municípios de maior prevalência da hanseníase, que estão localizados, principalmente, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A comunicação com a população e os profissionais de saúde será feita por meio de canais de televisão, distribuição de cartazes e folhetos, e mídias na internet, principalmente nas redes sociais.
Ainda para marcar a data de luta contra a doença, em Brasília, o prédio do Ministério da Saúde receberá projeção de luzes em cores marrom, vermelho e bege, que representam os tons das manchas provocadas pela enfermidade. A partir de agosto, a campanha chegará às rádios de todo o país.
Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, o diagnóstico precoce feito em crianças e adolescentes é fundamental para a quebra da cadeia de transmissão da doença. “As ações que o SUS tem desenvolvido vêm mudando o perfil da hanseníase no nosso país. O aumento no número de casos registrados, na verdade, significa que estamos sendo mais eficazes em fazer o diagnóstico e também no encaminhamento do paciente para tratamento e investigação de possíveis casos no ambiente familiar, o que é fundamental para interromper a transmissão”, explica.
O ministro ressalta, ainda, que a desigualdade na distribuição da doença exige que seja firmado compromisso entre os governos estaduais e municipais, a sociedade, as entidades médicas e os profissionais de saúde. “A realização desse pacto permitirá levar informação e atendimento básico à população por meio das equipes da Saúde da Família e o programa Mais Médicos, estratégia que atinge todas as localidades do Brasil”, afirma Chioro.
Redução de casos
A taxa de prevalência da hanseníase no Brasil caiu 68% nos últimos dez anos. Passou de 4,52, em 2003, para 1,42 por 10 mil habitantes, em 2013. A queda é resultado das ações voltadas para a eliminação da doença, intensificada nos últimos anos.
Em 2013, o Brasil registrou 31.044 novos casos de hanseníase com incidência de 15,44/100 mil habitantes na população em geral. Já em 2003 foram notificados 51.900 novos casos, com incidência de 29,37/100 mil habitantes, uma redução de 40,1%. Em menores de 15 anos, o coeficiente foi de 5,03/100 mil habitantes, redução percentual acumulada de 37% na comparação com o período de 2003 (7,98/100 mil habitantes) a 2013.
Em relação aos indicadores de 2014, dados preliminares apontam que a taxa de detecção geral foi de 12,14 por 100 mil habitantes, correspondendo a 24.612 novos casos da doença no país. Na população menor de 15 anos, houve registro de 1.793 casos. Já o número de pacientes em tratamento foi de 31.568, o que significa uma prevalência de 1,56 casos por 10 mil habitantes. As áreas de maior risco de adoecimento estão concentradas em Mato Grosso, Pará, Maranhão, Rondônia, Tocantins e Goiás.
Diagnóstico e tratamento
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo principal agente etiológico é o Mycobacterium leaprae. A doença é transmitida de uma pessoa doente que não esteja em tratamento para uma pessoa saudável suscetível. A hanseníase tem cura, mas pode causar incapacidades físicas se o diagnóstico for tardio ou o tratamento não for realizado adequadamente, pelo período preconizado, já que atinge pele e nervos.
O Ministério da Saúde recomenda que as pessoas procurem o serviço de saúde ao constatarem o aparecimento de manchas, de qualquer cor, em qualquer parte do corpo, principalmente se essa mancha apresentar diminuição de sensibilidade ao calor e ao toque. Após iniciado o tratamento, a pessoa para de transmitir a doença quase que imediatamente.
Além do diagnóstico, o SUS oferece tratamento gratuito para hanseníase, disponível em todas as unidades públicas de saúde. A poliquimioterapia (PQT), uma associação de medicamentos que evita a resistência do bacilo, deve ser administrada por seis meses ou um ano a depender do caso. Os pacientes deverão ser submetidos, além do exame dermatológico, a uma avaliação neurológica simplificada e sempre receber alta por cura. Nos últimos dez anos, a taxa de cura da enfermidade no país aumentou 21,2%. Em 2003, 69,3% das pessoas que faziam tratamento para hanseníase se curaram. Já em 2014, esse número passou para 84%.
Fonte: Ministério da Saúde