A retomada das cirurgias reabilitativas para pessoas com hanseníase deram um novo impulso ao tratamento da doença no Paraná. A consideração foi feita durante os três cursos técnicos realizados no último dia 21, no Centro de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, em Curitiba. A programação antecedeu o 13º Congresso Brasileiro de Hansenologia, que foi realizado na capital paranaense e terminou na terça-feira, dia 25.
O hospital do governo do Paraná é referência na realização de cirurgias reabilitativas de hanseníase no Brasil. “Desde 2012, foram realizadas mais de 200 cirurgias no Estado, que tem como referências o Centro de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, em Curitiba, e o Hospital Eulalino Ignácio de Andrade, em Londrina”, destacou o superintendente de Unidades Hospitalares Próprias da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Charles London.
O procedimento é importante para melhorar a qualidade de vida daquelas pessoas que estão curadas da doença, mas que tiveram deformações e outros problemas motores por conta da hanseníase.
O diretor do Centro de Reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, Antonio Paulo Mallmann, salientou que o paciente de hanseníase recebe tratamento integral no hospital, antes e depois da cirurgia, com uma equipe multidisciplinar. “Convidamos 30 pacientes, que recebem o acompanhamento no Centro de Reabilitação, para participarem do congresso. Os casos desses pacientes foram objeto de estudo durante os cursos no hospital”, contou o diretor.
Cursos
O médico Elifaz Cabral, precursor nas cirurgias reabilitativas de hanseníase, foi homenageado no início das atividades. Ele coordenou o curso de cirurgia e reabilitação, que teve a participação de 20 profissionais. “Esse curso é uma continuação do nosso aprendizado”, disse o médico ortopedista Rodrigo Egger, responsável por coordenar a equipe que realiza as cirurgias reabilitativas em Londrina. “Fui aluno do professor Cabral no primeiro curso realizado no Hospital de Reabilitação”, afirmou.
O médico pediatra da Atenção Básica de Cuiabá, no Mato Grosso, José Cabral Lopes, participou do curso sobre úlceras e feridas. Ele lembrou que o Estado do Mato Grosso tem a maior prevalência da doença no Brasil. “O diagnóstico precoce ainda é difícil e o desafio da equipe é tratar não só a enfermidade, mas as suas sequelas também”, enfatizou.
A enfermeira Maria Luciene Pacheco de Carvalho, que trabalha na identificação de casos de hanseníase e tuberculose no município de Maceió, Alagoas, participou do curso de prevenção de incapacidade. Ela destacou que a enfermidade deve ser vista com olhar crítico para que os casos sejam identificados precocemente e o paciente possa levar uma vida normal. “A hanseníase tem tratamento, mas quando diagnosticada tardiamente, deixa sequelas que podem incapacitar o paciente”, ressaltou.
Também na programação do pré-congresso, foi realizado o curso teórico-prático para agentes comunitários de saúde. A intenção é que eles incluam os sinais e sintomas relacionados à hanseníase no decorrer das atividades diárias junto com as famílias.
Sobre a doença
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que se manifesta principalmente na pele, com machas esbranquiçadas e avermelhadas, dormência, caroços pelo corpo e bolhas nas mãos e nos braços. A enfermidade também compromete os nervos periféricos, podendo causar deformidades nas mãos e nos pés.
Uma vez iniciado o tratamento, o paciente não transmite mais a hanseníase. O tratamento, que tem duração de seis meses a um ano, é à base de medicamentos e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
No Paraná, mil novos casos da doença são diagnosticados anualmente. O dado revela que, apesar de pouco conhecida, a hanseníase ainda atinge muitos paranaenses e exige uma atenção especial da população e dos profissionais da área da saúde.
Fonte: Agência Estadual de Notícias