A hanseníase é uma enfermidade que ainda é problema de saúde pública no Brasil e faz parte do grupo das doenças negligenciadas, as quais, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), são aquelas enfermidades causadas por agentes infecciosos ou parasitas que são consideradas endêmicas em populações de baixa renda. Também são doenças que apresentam indicadores elevados de casos novos e investimentos reduzidos em pesquisas, produção de medicamentos e elaboração de políticas para o seu controle. Mas as boas notícias – que precisam ser amplamente divulgadas – são que a hanseníase tem tratamento gratuito, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e tem cura.
Neste 26 de maio – data no qual é lembrado o Dia Estadual para Conscientização, Mobilização e Combate à Hanseníase –, a Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR) reforça a importância do diagnóstico precoce da doença, bem como a importância de disseminar informações à sociedade para combater o estigma e o preconceito relacionados à enfermidade. “Acho que o único caminho [para conscientizar a população] é o caminho da educação em saúde, não há outra saída. É o caminho da educação em saúde desde quem faz Medicina – o médico, que é o topo da cadeia de tratamento – até do atendente de saúde que vai na casa das pessoas. E também a educação da população em geral”, destaca a médica Nadia Almeida, chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital Pequeno Príncipe, instituição parceira da AEW-PR.
“É preciso fazer campanhas maciças. Isso já foi feito por um tempo, e quando você realiza uma campanha são descobertos mais casos de pessoas doentes. Não é que pessoas com hanseníase não existam, mas elas estão perdidas como pacientes. E o sistema de saúde pública está perdido com a questão epidemiológica. Enquanto isso, essas pessoas estão disseminando a doença, uma enfermidade que tem cura, para a qual temos um tratamento fácil e disponível”, observa.
A médica aponta que um dos caminhos para o controle da hanseníase é a busca ativa de casos da doença, pois contribui para interromper a cadeia de transmissão da enfermidade. “Como a hanseníase tem a característica de ser uma doença contagiosa, ela é uma enfermidade contagiosa familiar, no sentido do convívio na família. O convívio intenso, por muito tempo, facilita que o bacilo [Mycobacterium leprae] leve ao surgimento da doença. É importante ressaltar que quando o diagnóstico de um paciente é feito, é preciso examinar os contatos para verificar se não há outras pessoas que estão doentes”, pontua. “A hanseníase é uma doença muito fácil de tratar, pois você tem remédio de graça, o tempo de tratamento é muito curto e, a partir do momento em que você começa a tratar, já não transmite a doença”, completa.
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Saiba mais sobre a hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica que pode afetar qualquer pessoa, transmissível e de notificação obrigatória no Brasil. De acordo com a Fiocruz, é uma enfermidade que tem preferência pela pele e nervos periféricos, o que lhe confere um alto poder de causar incapacidades permanentes e deformidades físicas, que são as principais responsáveis pelo estigma e preconceito que permeiam a doença. Também atinge a mucosa do trato respiratório superior, os olhos, as mãos, os braços, os pés e as pernas. Conforme informações da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) do Paraná, a hanseníase provoca a alteração, a diminuição ou a perda da força muscular e da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil.
A enfermidade é causada pelo Mycobacterium leprae e transmitida de uma pessoa com a doença e sem tratamento para outra, após um contato próximo e prolongado. Pode atingir pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade. O diagnóstico e o tratamento para a hanseníase são ofertados de forma gratuita pelo SUS e estão disponíveis nas unidades básicas de saúde, podendo durar seis meses ou um ano. Atualmente, o Brasil ocupa a segunda posição no mundo – atrás apenas da Índia – entre os países que mais registram casos novos. Por causa da elevada carga, a doença, segundo o Ministério da Saúde, permanece como um importante problema de saúde pública do país.
Com informações do Ministério da Saúde, da Fiocruz e da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná