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1.ª Jornada de Estudos – Projeto Utoppia promove importante debate sobre o autismo

SONY DSCMais de 200 pessoas reunidas – entre profissionais da saúde, estudantes e a comunidade em geral – em um dia dedicado às discussões em torno do autismo. Assim foi a 1ª Jornada de Estudos – Projeto Utoppia, que ocorreu nesta sexta-feira, dia 12, na Sociedade Paranaense de Pediatria. O evento, uma realização da Associação Eunice Weaver do Paraná (AEW-PR) e do Hospital Pequeno Príncipe, contou com a participação de profissionais e pesquisadores experientes, que abordaram desde a hipótese diagnóstica até o tratamento do paciente autista.

A detecção precoce do autismo esteve em foco durante a manhã. Os palestrantes destacaram que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) abrange as diferentes formas de expressão do autismo, que possuem algumas características predominantes em comum, como a dificuldade de comunicação com isolamento social e a rejeição do olhar dirigido ao outro semelhante. Eles ressaltaram a importância da atenção aos sinais da doença, para que seja feita a abordagem terapêutica mais adequada.

De acordo com a psicanalista e doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), Rosa Maria Marini Mariotto, fatores intrínsecos, como as condições genéticas, e extrínsecos, como os cuidados dispensados e o vínculo afetivo primordial, estão ligados à doença. “A relação do paciente autista com o outro é de exclusão e ele considera a presença de outra pessoa como intrusiva”, explicou.

Rosa Maria reforçou que não há apenas um tipo de autismo, mas uma gama deles. “Por isso, não podemos generalizar. Precisamos ver o autismo caso a caso. Há indicadores que nos ajudam nessa detecção nos primeiros 18 meses de vida da criança, por exemplo. O diagnóstico precoce leva a intervenções que aumentam as expectativas de melhora e maiores são as chances do paciente ter uma vida normal”, salientou.

Sinais de alerta
Entre os sinais de alerta para a detecção do transtorno do espectro autista estão as dificuldades na comunicação verbal, problemas de socialização, de aprendizagem e atraso psicomotor, com alteração nas áreas social, de comunicação e de jogos simbólicos, além da presença de um repertório restrito de condutas e interesses. “Assim, é muito importante a atuação de uma equipe multidisciplinar no tratamento”, disse o psiquiatra e doutor pelo Programa de Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Gustavo Dória, que também é coordenador da residência de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da instituição.

Aspecto neurológico
O aspecto neurológico do autismo foi tratado pela médica especialista em Neuropediatria, Mara Lucia Schmitz Ferreira Santos. Coordenadora do Ambulatório de Erros Inatos do Metabolismo do Hospital Pequeno Príncipe, ela detalhou que anomalias localizadas bilateralmente no sulco temporal superior – considerado o “cérebro social” – são verificadas em crianças autistas, o que causa uma resposta inadequada aos estímulos sensoriais, por exemplo. “Esse conhecimento nos leva a uma melhor compreensão do processamento perceptual do paciente autista e, assim, a melhorias das formas de tratamento”, acrescentou.

Abordagem multidisciplinar
Durante as palestras da tarde, foram pontuados aspectos clínicos do autismo e destacada a importância do papel familiar e social no desenvolvimento da criança diagnosticada com TEA. Os profissionais observaram a necessidade de uma abordagem multidisciplinar no tratamento do transtorno. “Nós precisamos, enquanto clínicos, encontrar maneiras de estar e se relacionar com os pacientes como um todo”, analisou a fonoaudióloga do Projeto Utoppia e especialista em linguagem com ênfase nas áreas clínica e escolar, Danielle Guerra.

O trabalho integrado entre especialistas, família e escola também exerce grande influência no tratamento do Transtorno do Espectro Autista. “A inclusão das crianças com autismo na escola está amparada legalmente. É preciso trabalhar com as suas habilidades e interesses, só assim podemos resolver os problemas detectados”, apontou a especialista em Educação Especial e doutoranda em Educação, Ana Carolina Lopes Venâncio, que também é professora do Programa de Escolarização Hospitalar do Pequeno Príncipe.

Fonte: Complexo Pequeno Príncipe