As atualizações, os desafios e as perspectivas sobre a hanseníase no Brasil estiveram em pauta na semana passada em painéis e palestras de um evento promovido pelo Ministério da Saúde, em Brasília. A reunião da Estratégia Global de Hanseníase 2016-2020 adaptada ao SUS foi realizada nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, e reuniu gestores estaduais e municipais de saúde, técnicos da Secretaria de Vigilância em Saúde e demais secretarias do Ministério da Saúde, além de representantes de movimentos sociais relacionados à doença.
A estratégia da Coordenação-Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação, do Ministério da Saúde, foi elogiada na ocasião. Segundo o coordenador da Unidade Técnica de Doenças Transmissíveis e Análise de Situação de Saúde, da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), Enrique Vazquez, grandes avanços foram alcançados durante os quatro anos da Campanha Nacional de Hanseníase, Verminoses, Tracoma e Esquistossomose, principalmente na identificação e no tratamento precoce de casos, além da cura. Ao mesmo tempo, ele ressaltou que ainda existem muitos desafios a serem alcançados até 2020. “Houve uma diminuição no número de casos registrados nas Américas. Porém, não foi tão grande como poderia ser”, explicou.
A coordenadora-geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação, Magda Levantezi, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério, salientou a queda de novos casos da enfermidade identificados na população com idade inferior a 15 anos, observada nos quatro anos da campanha. Ela detalhou que, durante o período de ações, é realizado um monitoramento para diagnóstico e tratamento de crianças com idades de cinco a 14 anos matriculadas em escolas públicas dos municípios com maior risco de ocorrência de hanseníase, geo-helmintíases, tracoma e esquistossomose.
De acordo com Magda, a hanseníase tem maior prevalência entre meninos e meninas de até 15 anos, mulheres e populações carentes. “Uma das estratégias para atingir a meta de eliminação da doença até 2020 é exatamente a detecção precoce e a cura dos casos diagnosticados”, disse. Essa prerrogativa está em consonância com os três pilares da Estratégia Global de Hanseníase 2016-2020, assim como o compromisso político-financeiro, a capacitação dos profissionais de saúde e o enfrentamento da discriminação. O assessor técnico do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Alessandro Chagas, complementou que é preciso aprimorar a integração com a atenção básica para o enfrentamento da doença.
Luta intensa pela eliminação da hanseníase
O secretário substituto de Vigilância em Saúde, Alexandre Fonseca Santos, destacou que as características heterogêneas das regiões brasileiras devem ser consideradas no enfrentamento à hanseníase. Ele afirmou que alguns Estados, por exemplo, apresentam diferenças significativas nos dados quanto ao número de casos e podem acabar negligenciando, por falta de verba ou estratégia, a presença da doença quando há índices baixos. Porém, é necessária a manutenção de um trabalho conjunto e ostensivo para a eliminação da enfermidade no Brasil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que uma doença deixa de ser problema de saúde pública quando atinge uma em cada 10 mil pessoas. “Não podemos deixar que a hanseníase caia no esquecimento da gestão. Precisamos nos debruçar mais sobre as doenças em eliminação, mas que não estão sendo suprimidas, a despeito de outros pontos extremamente avançados em referenciais no Sistema Único de Saúde”, enfatizou Santos.
Fonte: Portal da Saúde